TEXTO BÁSICO
Texto básico
> Absorção, transporte e redistribuição
dos nutrientes
Os elementos químicos que serão abordados
neste trabalho segundo GLASS, 1989 citado por DECHEN et al. (1996),
foram descobertos e demonstrada a sua essencialidade desde o século
XIX conforme a tabela 1.
Tabela 1 - Descobridores e os demonstradores da
essencialidade dos nutrientes (DECHEN et al., 1996).
Elementos |
Descobridor |
Ano |
Demonstração da necessidade |
Ano |
C |
XX |
XX |
De Saussure |
1804 |
H |
Cavendish |
1766 |
De Saussure |
1804 |
O |
Priestley |
1774 |
De Saussure |
1804 |
P |
Brand |
1772 |
Ville |
1860 |
K |
Davy |
1807 |
Von Sanchs, Knop |
1860 |
Ca |
Davy |
1807 |
Von Sanchs, Knop |
1860 |
Mg |
Davy |
1808 |
Von Sanchs, Knop |
1860 |
Fe |
XX |
XX |
Von Sanchs, Knop |
1860 |
Mn |
Scheele |
1744 |
Mchargue |
1922 |
Cu |
XX |
XX |
Sommer |
1931 |
Zn |
XX |
XX |
Sommer & Lipman |
1926 |
Mo |
Hzelm |
1782 |
Arnon & Stout |
1939 |
B |
Gay Lussac & Thernard |
1808 |
Sommer & Lipman |
1926 |
Cl |
Schell |
1774 |
Broyer et al. |
1954 |
Além destes elementos considerados essenciais
temos outros chamados de benéficos que beneficia a planta
em termos de produção e resistência fitosanitária
etc porém a planta completa o seu ciclo na ausência
deles (Ni, Si, Se).
Nitrogênio
O N é absorvido predominantemente pelas raízes e nas
formas de NO3 e NH+4 ( com predominância da primeira). Normalmente
o NO3 é a a fonte preferencial mas a dependência da
espécie da planta e alguns fatores ambientais devem ser considerados.
Entre estes fatores destacam-se o pH , a temperatura e o teor de
carboidratos nas raízes . Geralmente, em pH próximo
a neutro o NH4+ é o mais absorvido e cai à medida
que o pH se abaixa. Em temperatura mais baixas o NH4+ é absorvido
mais rapidamente. Em presença de maior teor de carboidratos
a absorção de NH4 é favorecida (talvez pelo
maior suprimento de carbono e energia para assimilação
do NH3). A uréia pode ser absorvida diretamente pelas raízes
e folhas das plantas, mas geralmente sua absorção
é menor que a do NO3- ( MARSCHNER, 1986; MENGEL & KIRKBY,
1987).
O nitrogênio absorvido pelas raízes
é metabolizado nas raízes ou é transportado
para a parte aérea através do xilema. A forma como
o N é transportado depende da forma absorvida (NO3- ou NH4+
) e do metabolismo das raízes. Muito do NH4+ absorvido é,
geralmente assimilado nas raízes enquanto o NO3- é
metabolizado nas raízes ou transportado para a parte aérea
como tal (MENGEL & KIRKBY, 1987).
Para que o N seja incorporado aos compostos orgânicos
ele deve estar reduzido a NH3- deve ser reduzido a NH3-, através
de enzimas redutoras. O processo de redução ocorre
com a atuação de enzimas como a redutase do nitrato
e redutase do nitrito.
A redução do nitrato é uma
reação enzimática que pode ocorrer nas células
das raízes ou das folhas, sendo sua atividade maior nas folhas,
embora isso dependa da espécie e do desenvolvimento da planta.
A redutase do nitrato, uma flavo-proteina, é
enzima induzida pelo substrato e localiza-se no citoplasma, especialmente
em células meristemáticas, obtendo o NAD (P) H de
células fotossintetizadoras através do ciclo de Calvin
nas plantas C-3 ( gliceraldeído fosfato). Nas células
da raiz, o NADH provém da respiração. Assim
nota-se uma estreita relação entre o metabolismo do
nitrogênio (nitrato) e a fotossíntese e respiração.
O NO2- produzido não se acumula nos tecidos
vegetais, em condições aeróbias. A enzima redutase
do nitrato catalisa a conversão do NO3- a NH3. Nas folhas
essa redução ocorre nos cloroplastos e nas raízes
ela ocorre nos plastídeos.
A incorporação do nitrogênio,
na forma de amônia, a compostos orgânicos tem sido descrita
(HEWITT & CUTTING, 1979) principalmente pelas vias:
-Via desidrogenase glutâmica (GDH) nos mitocondrias
das folhas e raízes formando ácido glutâmico;
-Via glutamina sintetase (GS) / glutamato sintase (GOGAT) resultando
em, ácido glutâmico nos cloroplastos.
A via GS/GOGAT é preferencial para a introdução
do NH3 em aminoácidos de plantas superiores. A GS tem alta
afinidade pelo substrato e é capaz de incorporar NH3 em baixas
concentrações. Quando NH3 é incorporado nas
raízes, ela é sintetiza principalmente em amidas (glutamina
e asparagina), as quais são transportadas para os, demais
órgãos das plantas. A partir do ácido glutâmico
são formados todos os demais aminoácidos, pela ação
de aminotransferases ou transaminases.
A redistribuição do nitrogênio
nas plantas, via floema, se dá especialmente na forma de
aminoácidos. Após a proteólise, os aminoácidos
são movimentados das folhas velhas para as novas. O nitrato
é praticamente ausente no floema (MENGEL & KIRKBY,1987)
Fósforo
As raízes das plantas são capazes de absorver fosfato
de soluções com concentrações muito
baixas desse ânion (LONERAGAN & ASHER, 1967). Geralmente
o conteúdo de fosfato nas células das raízes
e na seiva do xilema é cerca de 100 a 1000 vezes maior que
o da solução do solo. Isso mostra que o fosfato é
absorvido pelas células da planta, contra um gradiente de
concentração muito grande e, portanto, a absorção
é ativa. A absorção de fosfato é considerada
como sendo feita por intermédio de H+ cotransportador (ULRICHEBERIUS
et al., 1981).
Em um interessante artigo, SETENAC & GRIGNON
(1985) relataram que o p H no apoplasto não só controla
a concentração de H2PO4- , mas também o seu
mecanismo de absorção. Assim, na mesma concentração
de H2PO4- no apoplasto (2,5 u M), a absorção de fosfato
no pH 4 era três vezes maior que o pH 6. A capacidade de absorção
ativa de fosfato difere entre as espécies de plantas e pode
mesmo diferir entre cultivares da mesma espécie. BARBER &
THOMAS (1972) por exemplo, encontraram consideráveis diferenças
nas taxas de absorção de fosfato por vários
cultivares de milho e supuseram que a aptidão das plantas
em absorver fosfato é fixada geneticamente.
Há dúvidas se compostos orgânicos
de fósforo são absorvidos pelas raízes das
plantas em grandes quantidades . De acordo com os trabalhos de ROUX
(1968), o fósforo presente em polifosfatos foi absorvido
somente por plantas jovens de cevada, depois de hidrolisados para
a forma de ortofosfato. O fosfato absorvido pelas plantas envolve-se
rapidamente em processos metabólicos, assim, JACKSON &
HAGEN (1960) relatam que depois de apenas 10 minutos, 80% do fosfato
absorvido já estava incorporado a compostos orgânicos.
O fosfato é prontamente móvel na
planta e pode ser translocado em direção ascendente
ou descendente. Assim, CLARKSON et al (1968) encontraram que o fosfato
absorvido por segmentos basais de raízes de plantas de cevada
era translocado para a ponta das raízes, bem como, para a
parte aérea das plantas. Folhas novas são supridas
pelo fosfato absorvido pelas raízes, mas também, com
fosfato originado das folhas mais velhas. O movimento descendente
ocorre principalmente no floema, na forma de fosforilcolina ou de
fosfato inorgânico (MENGEL & KIRKBY, 1987).
Potássio
Uma característica importante do potássio é
a alta taxa com que ele é absorvido pelos tecidos das plantas.
Essa rápida absorção de potássio é
dependente da permeabilidade ao potássio relativamente alta,
das membranas das plantas , a qual provavelmente resulta de ionóforos
localizados na membrana, o que torna possível sua difusão
facilitada (MENGEL & KIRKBY, 1987).
Os ionóforos, como valinomicina e eniatina,
podem funcionar como carregadores no transporte de cátions
através da membrana. Do lado externo da membrana, o íon
hidrofólico liga-se ao ionóforo lipofílico,
formando um complexo lipofílico. O complexo lipofílico
difundi-se através da membrana , para libertar o íon
do lado interno da membrana, deixando o ionóforo livre para
difundir-se de volta para o lado externo da membrana e então
complexar um outro cátion. A direção do transporte
segue o gradiente eletroquímico de tal forma que tanto a
importação como a exportação devem ser
medidos por carregadores (MENGEL & KIRKBY, 1987).
Essa alta permeabilidade da membrana ao potássio,
pode também conduzir à uma considerável saída
de potássio da célula, se a atividade metabólica
for suprimida (MENGEL & PFLUGER, 1972). A retenção
de potássio na célula depende principalmente do potencial
negativo da mesma. Se esse potencial negativo é diminuído,
por exemplo, afetando-se a respiração, a capacidade
de retenção de K+ é também diminuída.
Além dessa absorção passiva de potássio,
comandada pela atividade da ATPase, um processo de absorção
ativa de potássio foi relatado por CHEESEMAN & HANSON
(1979) e ocupa importante papel em baixas concentrações
de potássio (< 0,5 mM) na solução externa.
A alta permeabilidade das membranas das plantas
ao potássio é a única característica
a qual é provavelmente importante para vários processos
fisiológicos influenciados pelo potássio, tais como:
crescimento meristemático, distribuição da
água, fotossíntese e transporte à longas distâncias.
O transporte do potássio é com freqüência
apontado para os tecidos jovens, ocorrendo frequentemente, redistribuição
das folhas mais velhas para as partes mais jovens das plantas (MENGEL
& KIRKBY, 1987).
O potássio é absorvido principalmente
durante o estágio de crescimento vegetativo. Essa alta taxa
de absorção do potássio pressupõe que
existe uma forte competição com a absorção
de outras espécies de cátions e as taxas de absorção
deles são especialmente aumentadas, quando absorção
de potássio é baixa ( GRIMME et al ., 1974).
Por outro lado, a absorção de potássio
e sua, retenção nas células das plantas são
também competitivamente afetadas por H+ , Ca2+ , Mg2+ e Na+
(ELZAM & HODGES, 1967).
A concentração de potássio
no citoplasma está na faixa de 100 mM e portanto entre 5
e 10 vezes maior que a concentração de potássio
no vacúolo (FLOWERS & LAUCHLI, 1983). A seiva do floema
é também rica em potássio, que é o cátion
presente mais abundante, com concentrações semelhantes
aquelas do citoplasma. Como os solutos da seiva do floema podem
ser translocados nas duas direções, ascendentes (acropetal)
e descendentes (basipetal) dentro do planta, o transporte à
longa distâncias do K+ pode ocorrer prontamente. Os órgãos
das plantas supridos preferencialmente pela seiva do floema, como
as folhas jovens, tecidos meristemáticos e frutos, são
portanto ricos em K+ (CASSAGNES et al ., 1969). A função
do K+ na seiva do floema não esta completamente esclarecida.
De acordo com um esquema hipotético proposto por BEN-ZIONI
et al (1971) o potássio na seiva do floema é o principal
ion acompanhante do malato o qual é transportado dos ramos
até as raízes onde é respirado. No processo
de respiração os ânions equivalentes ao malato
são transferidos para íons HCO-3 os quais estão
disponíveis no meio nutritivo, vindo das raízes. O
íon nitrato pode então ser tomado em troca e translocado
de forma ascendente pela seiva do xilema, juntamente com os íons
potássio, que originalmente agiram como íon acompanhante
para o movimento descendente do malato.
Cálcio
As formas iônicas de Ca2+ existentes na solução
do solo, são absorvidas pelas plantas por interceptação
radicular e fluxo de massa.
O macronutriente cálcio não tem
recebido muita atenção como tal, e poucos trabalhos
tem sido desenvolvidos levando em conta suas funções
como nutriente.
A forma absorvida pela planta é a iônica
de Ca2+, existentes na solução do solo e é
diminuída por altas concentrações de K+ e Mg2+
no meio.
O cálcio é relativamente imóvel,
não se redistribuindo com facilidade no vegetal quando há
carência no sistema radicular, em conseqüência
de sua baixa mobilidade, os sintomas de carência aparecem
primeiramente nas folhas e órgãos ou regiões
novas da planta.
Magnésio
As formas iônicas de Mg2+, existentes na solução
do solo, são absorvidas pelas plantas por interceptação
radicular e fluxo de massa.
O macronutriente magnésio não tem
recebido uma atenção como tal, e poucos trabalhos
tem sido desenvolvidos levando em conta suas funções
como nutriente.
Enxofre
O enxofre é absorvido pelas plantas essencialmente na forma
de íons sulfato presentes na solução do solo,
em processo ativo e outros nutrientes (particularmente outros ânions)
raramente afetam a absorção de sulfato (EPSTEIN, 1975).
O movimento desses íons para a superfície radicular
ocorre predominantemente por fluxo de massas (BARBER , 1962). Além
de SO42- tem se afirmado que as plantas podem absorver do solo aminoácidos
contendo enxofre e S elementar. Pelas folhas e frutos as plantas
podem também absorver SO2 da atmosfera (MENGEL & KIRKBY,
1987).
O transporte das raízes para a parte aérea
ocorre pelo xilema, principalmente na forma inorgânica de
SO42- (EPSTEIN, 1975). Aquele enxofre absorvido como SO2 uma vez
passado pelo estômato, é distribuído pela planta
(MENGEL & KIRKBY,1987).
Depois de incorporado a compostos orgânicos
o enxofre se torna pouco móvel no floema, sendo os aminoácidos
que o contém muito estáveis. Uma exceção
a isso se dá com folhas senescentes em que o enxofre protéico
é novamente oxidado a SO42-. Em geral , a redistribuição
do enxofre praticamente não ocorre nas plantas (MENGEL &
KIRKBY, 1987).
O sulfato para ser assimilado pela planta necessita
ser reduzido a sulfeto, num mecanismo semelhante ao que ocorre com
o nitrato. Seguramente duas etapas foram identificadas nesse processo:
a ativação do sulfato e a redução do
sulfato (THOMPSON et al, 1986).
Um ponto importante a destacar é praticamente
a uniformidade dos autores em afirmar que a cisteína é
o primeiro produto estável na assimilação do
sulfato.
Boro
Formas solúveis de boro são facilmente disponíveis
para as plantas , que podem absorvê-lo como ácido bórico
não dissociado, bem como outras espécies presentes
no meio.. Acredita-se que a propriedade do ácido bórico
de formar complexos com polissacarídeos tem uma importante
função no processo passivo.
BINGHAM et al (1970) estudaram a absorção
de boro por raízes destacadas de cevada, por um período
de quatro horas, em soluções com concentrações
de 0,2 a 80 m g de boro/litro, e obtiveram uma relação
linear entre boro absorvido e a concentração do elemento
na solução. O abaixamento da temperatura ou a adição
de inibidores respiratórios tiveram pouco efeito na absorção
do boro, e estas evidências indicam que moléculas de
ácido bórico não dissociadas são absorvidas
passivamente. Depois da absorção do boro da solução,
os pesquisadores transferiram as raízes para uma solução
sem boro e mediram a sua difusão, das raízes para
a solução, e concluíram que o processo era
reversível.
Aparentemente, o boro em solução
move-se para as raízes através do fluxo de água,
até que ocorra um equilíbrio entre os níveis
do elemento nas raízes e na solução. Devido
a esta absorção passiva, quantidades tóxicas
são absorvidas pelas plantas quando o nível do boro
na solução é alto.
O boro é imóvel nas plantas e é
translocado principalmente através do xilema. Acumula-se
nas folhas velhas, nas quais o teor é maior nas pontas e
margens (JONES JÚNIOR, 1970).
O movimento do boro junto com fluxo transpiratório
explica o fato de sintomas de deficiência ocorrem nos pontos
de crescimento. É aceito que o boro, bem como o cálcio,
não são móveis ou tem mobilidade muito limitada
no floema, enquanto a absorção é rápida
(RAVEN, 1980).
Cloro
O cloro é absorvido pelas raízes e pelas folhas na
forma Cl- e tem grande mobilidade na planta.
A deficiência deste elemento em condições
de campo é difícil de ocorrer, sendo mais freqüentes
problemas de toxidade.
Cobre
O cobre é absorvido com Cu2+ e Cu-quelato e a concentração
do mesmo nas plantas é baixa, geralmente entre 2 a 20 mg/kg
matéria seca. A sua absorção parece ocorrer
por processo ativo e existem evidências de que este elemento
inibe o fortemente a absorção do zinco e vice-versa
(BOWEN, 1969).
Este elemento não é prontamente
móvel na planta, embora possa ser translocado das folhas
velhas para as novas. LONERAGAN (1975) mostrou que o movimento deste
elemento é dependente da sua concentração e,
em plantas bem supridas no mesmo, o movimento dos orgãos
reprodutivos para as folhas pode ocorrer, mas em plantas deficientes
ele é relativamente imóvel.
O cobre tem forte afinidade com o átomo
de nitrogênio do grupo amino e parece que compostos nitrogenados
solúveis, como os aminoácidos, atuam como carregadores
deste nutriente no xilema e no floema (LONERAGAN, 1981).
Uma quantidade considerável do cobre presente
nos tecidos parece estar ligada á plastocianina e a alguma
fração protéica. Há também uma
tendência do acúmulo do elemento em órgãos
reprodutivos das plantas, embora isto varie entre as cultivares.
Ferro
A absorção de ferro pelas plantas é metabolicamente
controlada e ele pode ser absorvido como Fe3+ , Fe2+ e Fe –
quelato. A capacidade das raízes em reduzir Fe3+ para Fe2+
parece ser fundamental na absorção deste cátion
por muitas plantas.
É aceito que o ferro preciso ser reduzido
antes de entrar nas células (CHANEY et al., 1972). No espaço
livre aparente esse elemento precisa estar presente na forma iônica
ou como quelato. De acordo com ROMHELD & MARSCHNER (1983) o
Fe3+ quelato é reduzido muito mais rapidamente do que o FeCl3.
A velocidade de redução do ferro depende do pH e é
maior em pH baixo.
Em exsudados do xilema o ferro parece ocorrer
na forma não quelatizada, embora seu transporte seja controlado
por citrato. Em tecidos de plantas, formas móveis deste elemento
tem sido identificadas como citratos e ferrodoxinas solúveis.
O ferro não é facilmente transportado
nos tecidos e por isso deficiências ocorrem nas partes novas
das plantas.
Tanto a absorção quanto ao transporte
deste elemento em plantas são fortemente afetados por fatores
da planta e ambientais, tais como pH e concentração
de cálcio e fósforo.
Manganês
Em todos os trabalhos sobre absorção e distribuição
de manganês nas plantas tem sido encontradas amplas evidencias
de que a sua absorção é controlada metabolicamente,
aparentemente de uma forma similar a aquele que ocorre para outros
íons como Mg2+ e Ca2+. Entretanto, a absorção
passiva desde elemento também pode ocorrer, principalmente
quando o metal encontra-se em níveis elevados na solução.
O manganês ocorre na seiva das plantas na
forma livre (Mn2+). GOOR citado por KABATA-PENDIAS & PENDIAS
(1985) relatou uma concentração mais baixa de manganês
em exsudado do floema do que em tecidos das folhas, concluindo que
o pequeno transporte do elemento através do floema é
responsável pela sua baixa concentração em
frutos, sementes e órgãos de reserva das raízes.
HEENAN & CAMPBELL (1980) relataram que com
um bom suprimento de manganês as folhas acumulam altas concentrações
com a idade, sendo uma pequena quantidade do elemento translocada
das folhas velhas para as novas em desenvolvimento, onde o elemento
é deficiente. A concentração de manganês
varia grandemente dentro da planta e durante o período vegetativo.
SCHEFER et al., citado por KABATA PEDIAS & PEDIAS (1985) reportaram
um teor relativamente baixo de manganês em cevada durante
a fase de intenso desenvolvimento e um maior acúmulo em folhas
velhas.
É preciso enfatizar, entretanto, que o teor
de manganês nas plantas não é um efeito apenas
das características das plantas, mas também da sua
quantidade disponível que é controlada pelas propriedades
do solo.
O manganês parece ser facilmente absorvido
pelas plantas quando ocorre na forma solúvel no solo, existindo
uma relação direta entre o teor solúvel do
elemento no solo e a concentração na planta. Por outro
lado, existe uma correlação de manganês nas
plantas e o aumento do pH e uma correlação positiva
com a matéria orgânica.
Molibdênio
O molibdênio é o micronutriente exigido em menor quantidade
pelas plantas e é também o que ocorre em menor concentrações
nos solos.
Ele é absorvido como molibdato e sua absorção
é proporcional a sua concentração na solução
do solo, que pode ser reduzida pelo efeito competitivo do SO2-4
(REISENAUER, 1963).
Embora não exista evidências diretas,
acredita-se que o molibdênio seja absorvido metabolicamente.
Este elemento é moderadamente móvel nas plantas, mas
a forma como ele se transloca não é conhecida. TIFFIN
(1972) sugeriu que ele se move no xilema como MoO2-4, como Mo-S
aminoácido complexo ou como molibdato complexado com açúcares.
Zinco
Formas solúveis de zinco são prontamente absorvidas
e se tem encontrado uma correlação linear entre absorção
pelas plantas e concentração do nutriente no substrato.
A velocidade de absorção do zinco difere grandemente
entre as espécies e depende do meio de cultivo. A composição
da solução de nutrientes, particularmente a presença
de cálcio, é de grande importância. Não
existe um consenso na literatura se a absorção do
zinco ocorre de forma ativa ou passiva. HEWITT (1966), MOORE (1972)
LONERAGAN (1975) estudaram este assunto e sugeriram que a absorção
do zinco é metabólica.
A forma em que o zinco é absorvido pelas
raízes também não é bem conhecida. Existe,
entretanto, uma concordância de que a forma predominante absorvida
é a de Zn2+, podendo também o ser na de Zn- quelato.
Alguns autores consideram o zinco altamente móvel,
enquanto outros atribuem a ele uma mobilidade intermediária.
De fato, quando existe um elevado suprimento de zinco muitas espécies
de plantas tem translocado quantidades apreciáveis do elemento
das folhas velhas para órgãos de crescimento, mas
quando as mesmas espécies estão sob condições
de deficiência apresentam baixa mobilidade do nutriente das
folhas velhas. Comumente, o zinco se acumula nas folhas velhas.
As raízes contêm maiores teores de
zinco do que a parte aérea, principalmente em plantas que
são cultivadas em solos ricos no elemento.
A interação entre zinco e fósforo
tem sido bastante estudada e é muito conhecido o fato de
que altos teores de fósforo induzem deficiência de
zinco. MARSCHNER & SCHROPP, citados por MENGEL & KIRKBY
(1987) encontraram que altos níveis de fósforo em
videira, cultivada em vasos com solo calcário, induziram
sintomas de deficiência de zinco nas folhas e, também
diminuição no crescimento e baixo teor de zinco foram
observados nas folhas novas. Em experimentos conduzidos paralelamente,
com solução de nutrientes, não foi possível
induzir deficiência de zinco, embora sua concentração
nas folhas de videira tenha sido menor do que a encontrada nas folhas
com sintomas de deficiência . Isto sugere que o fósforo
pode afetar a fisiologia do zinco disponível nos tecidos
das plantas, descartando a idéia de que o metabolismo desse
nutriente seja ineficiente porque ele é precipitado como
Zn3(PO4)2 . 4H2O (MENGEL & KIRKBY, 1987).
MALAVOLTA (1997) retrata os principais efeitos
interiônicos que podem afetar o processo de absorção
do nutriente pela plantas, neste sentido deve-se manejar os seus
teores no solo ou no adubo de forma a minimizar os efeitos antagônicos
que pode afetar o processo de absorção e a nutrição
da planta (Tabela 2).
Tabela 2. Exemplos de efeitos interiônicos
(MALAVOLTA, 1997).
Íon |
Segundo íon presente |
Efeito do segundo sobre o primeiro |
Cu |
Ca |
Antagonismo |
Mg, Ca |
K |
Inibição competitiva |
H2PO4 |
Al |
Inibição competitiva |
K, Ca, Mg |
Al |
Inibição não competitiva |
H2BO3 |
NO3, NH4 |
Inibição competitiva |
K |
Ca (alta concentração) |
Inibição competitiva |
SO4 |
SO4 |
Inibição competitiva |
SO4 |
Cl |
Inibição competitiva |
MoO4 |
SO4 |
Inibição competitiva |
Zn |
Mg |
Inibição competitiva |
Zn |
H2BO3 |
Inibição competitiva |
Fe |
Mn |
Inibição competitiva |
Zn |
H2PO4 |
Inibição não competitiva |
K |
Ca (baixa concentração) |
Sinergismo |
MoO4 |
H2PO4 |
Sinergismo |
Cu |
MoO4 |
Inibição não competitiva |
Texto básico
> Absorção, transporte e redistribuição
dos nutrientes |