TEXTO BÁSICO
Texto básico
> Funções
É importante o estudo das funções
dos nutrientes na planta, para conhecermos como a planta transforma
a luz em produtos orgânicos ou melhor entendermos a vida da
planta e qual a participação dos elementos químicos
neste processo. Isto pode ajudar na avaliação do estado
nutricional da planta e as suas implicações nas características
agronômicas da cultura.
Normalmente inclui nesta discussão apenas
treze nutrientes essenciais “minerais” porém
existe mais três nutrientes que merece ser discutidos que
são os ditos macronutrientes orgânicos”, isto
é C, H e O, os quais constituem maior parte do peso da planta,
que na natureza encontra-se em abundância. Carbono (C) –
componente básico da molécula dos carboidratos, lipídeos,
proteinas, pigmentos, hormônios, ácidos nucléicos;
vem da atmosfera como CO2. Oxigênio (O) –
ocorre nos mesmos compostos mencionados, vem do ar e da água;
Hidrogênio (H) – está praticamente em todos os
compostos mencionados, sendo o principal agente redutor, começando
da fotossíntese (redução do CO2
e H2O) até a fixação do N2
(a NH3 ou semelhante) vem da água.
Os elementos macro e micronutrientes, exercem
funções específicas na vida da planta, e estas
podem ser classificadas em: (a) estrutural – o elemento faz
parte da molécula de um ou mais compostos orgânicos,
(b) constituinte de enzima – os elementos fazem parte do grupo
prostético de enzimas (c) ativador enzimático –
sem fazer parte do grupo prostético o elemento, dissociável
da fração protéica da enzima, é necessário
à atividade da mesma.
Nitrogênio
Além de ser constituinte dos aminoácidos livres e
protéicos, o nitrogênio está presente em outros
compostos nitrogenados importantes, como as bases nitrogenadas (purinas
e pirimidinas), os ácidos nucleicos (DNA e RNA), que perfazem
cerca de 10% do total do nitrogênio na planta. Outras formas
amino solúveis chegam a compor 5% do N das plantas. A fração
presente como NH-3 e NH+4 geralmente representa baixa porcentagem
(CONN & STUMPF, 1975; MENGEL & KIRKBY, 1987).
Nas folhas o nitrogênio está nos
cloroplastos como constituinte da molécula de clorofila,
onde cada átomo de Mg está ligado a quatro átomos
de nitrogênio e também participa da síntese
de vitaminas, hormônios, coezima, alcalóides, hexosaminas
e outros compostos.
O nitrogênio é um nutriente que está
relacionado aos mais importantes processos fisiológicos que
ocorrem nas plantas, tais como fotossíntese, respiração
desenvolvimento e atividade das raízes, absorção
iônica de outros nutrientes, crescimento, diferenciação
celular e genética.
Fósforo
Parece que a única função do fosfato no metabolismo
é a formação de ligações, pirofosfato,
as quais permitem a transferência de energia.
O fósforo da fitina presente nas sementes
é visto como um fósforo de reserva. Durante a germinação,
o fósforo da fitina é mobilizado e convertido em outras
formas de fosfato, necessárias para o metabolismo das plantas
jovens (MENGEL & KIRKBY, 1987).
O fosfato nucléico está presente
no núcleo das células, os açúcares fosfatados
dominam no citoplasma, fosfolipídios dominam nos cloroplastos
e fosfatos inorgânicos dominam no vacúolos (BIELESKI
& FERGUSON, 1983). O fosfato vacuolar é considerado como
uma reserva, suprindo o citoplasma com fosfato quando necessário.
Dessa forma, o nível de fosfato no citoplasma é mantido
na ordem de 5 a 6 mM . Baixas concentrações de fosfato
inorgânico reduzem o crescimento, e numa concentração
de 0,3 mM ou menos, o crescimento é completamente inibido
(REBEILLE et al., 1984). O fosfato inorgânico no citoplasma
tem uma função regulatória, por influenciar
a atividade de várias enzimas, como por exemplo, a fosfofrutoquinase.
A concentração de fosfatos inorgânicos nos cloroplastos
e mitocondria é comparativamente alta e da ordem de 10 mM
(BIELESKI & FERGUSON, 1983).
Potássio
O potássio está envolvido no crescimento meristemático
(JACOBY et al., 1973). Fitohormônios que estão envolvidos
no crescimento de tecidos meristemáticos são postos
em ação pelo potássio.
O potássio também é importante
para a manutenção da quantidade de água nas
plantas. A absorção de água pela célula
e pelos tecidos é frequentemente conseqüência
da absorção ativa do potássio (LAUCHLI &
ARNEKE, 1978).
O mecanismo de abertura e fechamento dos estômatos
depende inteiramente do fluxo de potássio sobre a taxa de
assimilação de CO2, não por uma
influência direta nos fotossistemas I ou II, mas sim por promover
a síntese da enzima ribulose bifosfato carboxilase (RUBISCO).
O potássio não promove somente a translocação
de fotossintetatos recém-produzidos, mas também tem
um efeito benéfico na mobilização de material
estocado (KOCH & MENGEL, 1977).
A principal função do potássio
em bioquímica é seu efeito na ativação
de vários sistemas enzimáticos (EVANS & SORGER,
1966).
Cálcio
Uma das principais funções do cálcio é
a na estrutura da planta, como integrante da parede celular, e sua
falta afeta particularmente os pontos de crescimento da raiz, sendo
também indispensável para a germinação
do grão de pólen e crescimento do tubo polínico.
Deve-se ao Ca a movimentação das graxas nas plantas.
Na literatura tem sido vinculado a substituição
do sódio pelo potássio em diversas plantas.
No algodão ocorre a parcial substituição
do Na por Ca para o desenvolvimento imposto pela raiz. Tem atribuído
que o Na vem a superar o prejuízo do transporte do carboidrato
associada a deficiência do cálcio ( ASHER, 1991).
Magnésio
Entre as principais funções do magnésio nas
plantas destaca-se a sua participação na clorofila,
na qual o Mg corresponde a 2,7 % do peso molecular; o Mg é
também ativador de um grande número de enzimas.
COURY et al 1953 diagnosticou como carência
de magnésio a doença fisiológica conhecida
por vermelhão do algodoeiro, a qual se caracteriza pela coloração
vermelho púrpura que se estabelece entre as nervuras das
folhas mais velhas, as folhas deficientes e as maçãs
caem com facilidade.
Enxofre
O enxofre faz parte da molécula de vários compostos
orgânicos (DUKE & REISENAUER, 1986; MARSCHNER, 1986; MENGEL
& KIRKBY, 1987) como:- ferrodoxinas- proteínas de baixo
peso molecular contendo alta proporção de unidades
de cisteína e adicionalmente iguais números de átomos
de ferro e enxofre ; serve nas reações de oxiredução
da fotossíntese, na redução de NO3 e do SO4
e sendo que o aminoácido cisteína pode se converter
no aminoácido metionina e no dipeptídeo cistina e
esses aminoácidos entram na composição das
proteínas, está é a maior fração
do enxofre nas plantas.
Cerca de 70% do total do enxofre protéico
das folhas encontra-se nos cloroplasto e nas sementes é encontrado
nas suas películas externas (PASSOS, 1977).
Boro
A função fisiológica do boro difere da dos
outros micronutrientes, pois este ânion não foi identificado
em qualquer composto ou enzima específica. As principais
funções são atribuídas ao boro são:
metabolismo de carboidratos e transporte de açúcares
através das membranas; síntese de ácidos nucléicos
(DNA e RNA) e de fitohormônios; formação de
paredes celulares; divisão celular.
Apesar da concordância de que é essencial
para às plantas, ainda não foi estabelecidas uma função
bioquímica para o boro, a hipótese mais aceita é
a de GAUCH & DUGGER JÚNIOR (1953), para os quais a função
deste elemento é a de facilitar o transporte de açúcares
através das membranas.
Na procura de outras funções para
o boro, aspectos do metabolismo têm sido considerados, os
quais incluem : metabolismo de ácidos nucléicos, biossíntese
de carboidratos, fotossíntese, metabolismo de proteínas
e, recentemente, a função de estabilidade da membrana
celular (DUGGER JÚNIOR 1983, PILBEAM & KIRKBY, 1983).
Uma das mais rápidas respostas à
deficiência de boro é a inibição ou paralização
do crescimento dos tecidos meristemáticos da parte aérea
e das raízes, considera-se que é necessário
um contínuo suprimento de B para a manuntenção
da atividade meristemática. A razão para esta exigência
em B não é conhecida, mais tem sido mostrado que ele
é necessário para a síntese de bases nitrogenadas
como a uracila (ALBERT, 1968) a qual é componente essencial
do RNA e, se ausente, afetará a síntese de proteínas.
O envolvimento do B na síntese de RNA foi
demontrado mais recentemente por ROBERTSON & LONGMAN (1974)
usando P32 . Os autores mostraram que a deficiência de B reduzia
a taxa de incorporação de fósforo nos nucleotídeos.
O B permeabiliza as paredes celulares, facilitando
a absorção de nutrientes e aumenta a resistência
da planta à seca (PASSOS, 1977).
A base fisiológica da deficiência
de B nas plantas tem sido ligada à concentração
de ascorbato (vitamina C) nos ápices da raiz, o que resulta
em taxas extremamente lentas de crescimento. Observou-se um acúmulo
de Fe e Cu na raiz nas plantas deficiêntes em B, suspeitando
que o Fe+3 possa reagir com o P e formar um tipo de placa que inibe
a eficiência de absorção da raiz (The FAR Letter,
1998, citado por MALAVOLTA, 1998).
Cloro
Em 1944, WARBURG descobriu que a reação de Hill em
cloroplastos isolados necessitavam de cloreto. Desde então
o envolvimento deste íon no desdobramento da molécula
da água na fotossíntese II tem sido confirmado por
vários autores (MARSCHNERS, 1986).
Evidências recentes de METTLER et al (1982)
indica que ATP ase localizada no tonoplasto é estimulada
especificamente pelo Cl-
Cobre
As principais funções do Cu são as seguintes
: ocorre em compostos com funções não tão
bem conhecidas como as das enzimas, mas de vital importância
no metabolismo das plantas; participa de muitos processos fisiológicos
como: fotossíntese, respiração, distribuição
de carboidratos, redução e fixação de
nitrogênio, metabolismo de proteínas e da parede celular;
influência na permeabilidade dos vasos do xilema à
água; controla a produção de DNA e de RNA e
sua deficiência severa inibe a reprodução das
plantas (reduz a produção de sementes e o pólen
é estéril); está envolvido em mecanismos de
resistência a doenças. A resistência de plantas
à doenças fúngicas está relacionada
com suprimento adequado de cobre. O Cu influe na uniformidade da
florada e da frutificação e regula a umidade natural
da planta, aumenta resistência à seca, é importante
na formação de nós.
Ferro
As principais funções atribuídas ao ferro são:
ocorre em proteínas dos grupos heme e não-heme e encontra-se
principalmente nos cloroplastos; complexos orgânicos de ferro
estão envolvidos no mecanismo de transferência de elétrons;
Fe-proteínas do grupo não-heme estão envolvidas
na redução de nitratos e de sulfatos; a formação
de clorofila parece ser influenciada por esse elemento; está
diretamente implicado no metabolismo de ácidos nucléicos;
exerce funções catalíticas e estruturais.
Manganês
Todas as plantas tem uma necessidade específica de manganês
e aparentemnte sua função mais importante está
relacionada com os processos de oxi-redução. A função
mais estudada do manganês em plantas refere-se à sua
participação no desdobramento da molécula de
água e na evolução do O2 no sistema fotossintético
(equação de Hill), na fase luminosa, de forma que
tem-se a transferência de elétrons para o fotossistema
II (Cheniae & Martin, 1968). As plantas possuem uma proteína
contendo manganês, a manganina. O Mn acelera a germinação
e aumenta a resistência das plantas à seca, beneficiando
o sistema radicular.
Molibdênio
Segundo ADRIANO (1986) as funções do molibdênio
nos processos fisiológicos foram primeiramente estabelecidas
por Bortels, em 1930, que mostrou que este elemento era necessário
para Azotobacter na fixação do N2 atmosférico.
Também Bortels et al., citado por ADRIANO (1986) relataram
que o molibdênio era necessário para a fixação
simbiótica do N2 pelas leguminosas, demonstrando
que o molibdênio era essencial para o crescimento de plantas
superiores.
A função mais importante do Mo nas
plantas está associada com o metabolismo do nitrogênio.
Esta função está relacionada à ativação
enzimática, principalmente com as enzimas nitrogenases e
redução do nitrato.
Zinco
A participação mais importante do zinco nos processos
metabólicos das plantas é como componente de várias
enzimas, tais como: desidrogenases, proteinases, peptidases e fosfohidrogenase.
LINDSAY (1972) e PRICE et al. (1972) relataram que uma função
básica do Zn está relacionada ao metabolismo de carboidratos
e proteínas, de fosfatos e também na formação
de auxinas, RNA e ribossomas. Existem evidências de que o
Zn tem influência na permeabilidade de membranas e é
estabilizador de componentes celulares.
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