TEXTO BÁSICO
Texto básico > Diagnose
A diagnose consiste na avaliação
do estado nutricional de uma planta tomando uma amostra, seja de
um tecido vegetal, seja do solo, e comparando-a com seu padrão
preestabelecido. Este padrão consiste em uma planta ou solo
que apresenta todos os nutrientes e proporções adequadas
capazes de proporcionar condições favoráveis
para a planta expressar seu máximo potencial genético
para a produção.
Para avaliar o estado nutricional da planta, existem
algumas ferramentas de diagnose que apresentam características
específicas, a qual pode ser feita no tecido vegetal ou no
solo. No tecido vegetal, normalmente, utilizam-se as folhas, podendo
ser a partir da diagnose visual ou da análise química
que, por sua vez, pode ser interpretada, tomando um único
nutriente através do método do nível crítico,
da faixa de suficiência, ou alternativamente, tomando como
base a relação dos nutrientes, feita pelo método
denominado DRIS (Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação).
Indiretamente, o solo, através da análise química,
pode ser também utilizado para avaliar o estado nutricional
da planta. Assim, existem várias ferramentas que podem ser
utilizadas, preferencialmente de maneira integrada, para o conhecimento
do sistema solo-planta, com subsídios suficientes para a
interferência, se for o caso, na adoção de práticas
de adubação mais eficientes.
A diagnose visual permite avaliar os sintomas de
deficiência ou excesso de nutrientes, e é possível
fazer correções no programa de adubação,
com certas limitações. Entretanto, este método
recebe críticas, uma vez que, no campo, a planta é
passível de sofrer interferências de pragas e patógenos
que podem mascarar a exatidão da detecção do
nutriente-problema. Além disto, a diagnose visual não
quantifica o nível de deficiência ou de excesso do
nutriente em estudo.
Cabe salientar que somente quando a planta apresenta
uma desordem nutricional aguda, é que ocorre claramente a
manifestação dos sintomas visuais de deficiência
ou excesso característicos, passíveis de diferenciação;
entretanto, neste ponto, parte significativa da produção
(cerca de 40-50%) está comprometida. Portanto, o uso da diagnose
visual não deve ser a regra e, sim, como um complemento da
diagnose. Os sintomas visuais de deficiência e excesso são
apresentados no apêndice.
A diagnose vegetal presta-se para identificar o
estado nutricional da planta, através da análise química
de um tecido vegetal que seja mais sensível em demonstrar
as variações dos nutrientes e que seja o centro das
atividades fisiológicas da planta, ou seja, na maioria das
vezes, a folha. É necessário, ainda, que a planta
esteja em uma época de máxima atividade fisiológica,
como no florescimento ou início da frutificação.
Em virtude desta última exigência
da análise química das folhas no auge do desenvolvimento
da planta, coloca-se a diagnose foliar com pouca ação
na eventual correção da deficiência de nutrientes
em plantas anuais no mesmo ciclo de produção da cultura.
Entretanto, em culturas perenes como cafeeiro, a diagnose foliar
apresenta potencial elevado no diagnóstico do estado nutricional
da planta, possibilitando a correção no mesmo ano
agrícola, com satisfatória eficiência.
Portanto, a idéia de se usar conteúdo
mineral como critério para se avaliar o estado nutricional
de plantas perenes é bastante atraente, visto que a diagnose
foliar tem como vantagem utilizar a própria planta como extrator.
Para a amostragem correta da folha-diagnose própriamente
dita, devem-se considerar a época de coleta, tipo de folha
e o número suficiente, que garantirá validade do resultado
da análise química foliar, sua interpretação
e a correção das deficiências com as futuras
adubações. É relevante salientar a importância
dessa etapa de amostragem, visto que a maioria dos erros que podem
ocorrer em um programa de adubação, advêm da
amostragem mal feita e não por problemas analíticos
de laboratório ou ainda do uso de tabelas de recomendação
inadequadas.
De acordo com a literatura, a amostragem de folhas
do cafeeiro deve ser feita da seguinte forma (Malavolta, 1992):
* Época de coleta: primavera-verão;
* Tipo de folha: coleta-se o 3o ou o 4o
par de folhas de ramos produtivos (Figura 3), no terço médio
da planta;
* Número de folhas: uma folha de cada ponto cardeal
em 25 plantas de uma área homogênea, constituindo 100
folhas por amostra (talhão).
O ramo a ser amostrado pode estar com fruto ou
não (Chaves, 1982). Segundo este autor, essa informação
foi obtida em um estudo que avaliou a ocilação da
concentração de nutrientes nas folhas do cafeeiro
durante um ciclo de produção. Pelos resultados, o
autor observou que as concentrações de N, P, K, Ca,
Mg, B, Cu, Mn e Zn foram elevadas nos frutos, em seus estádios
iniciais de crescimento. O comportamento do K, Ca, Mg, S, Cu e Mn,
ao longo do desenvolvimento dos frutos, foi semelhante quando se
analisaram folhas de ramos com frutos e folhas de ramos sem frutos.
As folhas de ramos com frutos apresentaram teores mais elevados
de N, P, K, Mn e Zn nos estádios iniciais de crescimento
dos frutos e concentrações mais baixas de Ca, Mg,
S, B e Cu nessa mesma época. As folhas de ramos sem frutos
apresentaram teores mais elevados de P, K e Mn no início
da formação dos frutos e concentrações
mais baixas de N, Ca, Mg, S, Cu e Zn nessa mesma época. Com
isso, determinou-se que a avaliação do estado nutricional
do cafeeiro em K, Ca, Mg, S, Cu e Mn pode ser feita tanto em folhas
de ramos com frutos como em folhas de ramos sem frutos. Foi possível
determinar-se que ocorreu redistribuição de nutrientes
tanto em folhas de ramos com frutos quanto em folhas de ramos sem
frutos. A redistribuição de N, P, K e Mn foi mais
acentuada na época de maior desenvolvimento dos frutos e,
para o N e P, ocorreu com maior intensidade nas folhas de ramos
com frutos.
Vale ressaltar alguns cuidados durante a coleta
das folhas, como: evitar-se a amostragem logo após chuva
intensa, aguardando pelo menos de três a sete dias, de forma
que o estado nutricional da planta volte ao equilíbrio, especialmente
para nutrientes mais sensíveis à "lavagem"
das folhas, como N e K. Da mesma forma, é válido quando
a planta se encontra com déficit hídrico. A coleta
deve ser realizada, preferencialmente, nas primeiras três
horas de luz solar, dado o maior equilíbrio fisiológico
da planta. Deve-se evitar a coleta de folhas em solo seco ou na
fase de granação dos frutos. Após a coleta,
as folhas devem ser transferidas para sacos de papel e levadas ao
laboratório imediatamente, ou até 3 dias sob refrigeração
a 4oC, e mantidas em caixa de isopor com gelo.

Figura 3. Esquema de um ramo lateral do cafeeiro,
com indicação do 3o ou 4o par
de folhas a ser coletado para análise química.
Como no campo as folhas recebem aplicações
de defensivos carream nutrientes como Zn e Cu, de forma que Pavan
et al. (1984) recomendam a lavagem das folhas do cafeeiro com solução
3% de HCl, seguido por solução com detergente 0,1%,
antes da secagem e da análise química do tecido vegetal.
Entre os critérios de interpretação
normalmente usados, pode-se citar o baseado no nível crítico
que exprime um único valor ou um intervalo de valores, ou
seja, uma faixa com teor adequado. É comum, nas tabelas dos
órgãos oficiais, o uso de faixas de teores adequados,
visto que engloba maior número de condições
edafoclimáticasoucultivares distintas.Além disso,
não existe um determinado ponto de ótima produção,
mas sim uma determinada faixa, porque o aumento da produção
obtido com doses crescentes de nutrientes é sempre associado
a um erro estatítisco.Nos resultados de pesquisas locais,é
comum expressar, como valor adequado de nutrientes, o nível
crítico.
O cafeeiro nutrido é capaz de altas produções,
uma vez que possui em suas folhas todos os macro e micronutrientes
em concentrações absolutas e em proporções
adequadas, como mostram as Tabelas 10 e 11.
Na literatura, existem algumas diferenças
na indicação da melhor relação de nutrientes
para o cafeeiro, devido às condições edafoclimáticas
e de cultivares distintas, a exemplo da relação P/Zn.
Para Guimarães et al. (1997), a faixa mais adequada, desta
relação para o cafeeiro está entre 100 a 150.
Normalmente, os experimentos de adubação,
que definem os níveis críticos ou faixas adequadas,
como os apresentados anteriormente, devem seguir alguns procedimentos
chamados padrões, como:
1) Escolher uma área, com um grupo de solos
representativos, que predomine na região, e que apresente
um teor de nutrientes baixo, para que haja a resposta da planta.
Os demais nutrientes não estudados devem ser fornecidos em
quantidades ótimas para o máximo desenvolvimento das
plantas.
2) Utilizar técnicas de cultivo das plantas
de acordo com as recomendações locais e amplamante
empregadas pelos produtores e, ainda, usar fontes de fertilizantes
normalmente disponíveis e com custo por unidade de nutriente
satisfatório.
Tabela 10. Teor adequado de macro e micronutrientes
nas folhas do cafeeiro (Malavolta, 1996).
|
Nutriente |
Brasil |
Colômbia |
Costa Rica |
|
---------- g.Kg-1 ---------- |
N |
27-32 |
25-30 |
23-28 |
P |
1,5-2,0 |
1,1-1,5 |
1,2-2,0 |
K |
19-24 |
15-18 |
17-27 |
Ca |
10-14 |
7-13 |
8-11 |
Mg |
3,1-3,6 |
3,5 |
2,0-3,5 |
S |
1,5-2,0 |
- |
2,0 |
---------- mg.Kg-1 ---------- |
B |
60-80 |
40-60 |
60-100 |
Cu |
8-16 |
- |
6-12 |
Fe |
90-180 |
90-140 |
75-275 |
Mn |
120-210 |
50-220 |
50-150 |
Mo |
0,15-0,20 |
- |
- |
Zn |
8-16 |
- |
15-20 |
|
3) Estabelecer as relações de resposta,
ou seja:
a) Dose do nutriente aplicado x teor do nutriente no solo;
b) Teor do nutriente no solo x teor do nutriente na folha;
c) Teor do nutriente na folha x produção, conhecida
como curva de calibração.
4) Repetir experimentos em diferentes condições edafoclimáticas,
a fim de que a informação seja válida para
o maior número de propriedades rurais, e que sejam beneficiados
mais produtores.
Tabela 11. Relações entre nutrientes
foliares considerados adequados para o cafeeiro1 (Malavolta,
1996).
|
Relação |
Faixas |
Relação |
Faixas |
|
N/P |
16-18 |
P/Cu |
125-187 |
N/K |
1,3-1,4 |
P/Zn |
125-187 |
N/S |
16-18 |
Ca/Mg |
66-75 |
K/Ca |
1,7-2,1 |
B/Zn |
5,0-7,3 |
K/Mg |
6,1-6,6 |
Cu/Zn |
1 |
N/B |
400-457 |
Fe/Mn |
0,73-0,85 |
N/Cu |
2.000-3.375 |
|
|
|
(1) 3o e 4o pares de folhas de ramos
produtivos amostrados no verão (fevereiro a março).
O uso do nível crítico e da faixa
adequada deve ser utilizada com cuidado especialmente para certos
nutrientes (N e P), os quais têm importante influência
no crescimento da planta. Assim, Fontes (2001) relatou a importância
do diagnóstico combinando a análise fitotécnica
(desenvolvimento, aparência, diâmetro de caule, no de
folhas, altura) e a análise foliar, que pode melhorar o diagnóstico
e aprimorar a decisão de adubar. Assim para uma análise
química foliar, a exemplo do N, estiver abaixo do nível
crítico, a decisão de adubação é:
adubar ou aumentar a dose quando a análise fitotécnica
estiver inadequada e manter os procedimentos de adubação,
quando a análise fitotécnica estiver adequada. Por
outro lado, quando a análise foliar apresentar valor superior
ou igual o nível crítico, o procedimento de adubação
é: manter a adubação quando análise
fitotécnica estiver inadequada e não adubar ou reduzir
a dose quando a análise fitotécnica for adequada.
O mesmo autor complementa, que a combinação
das análises fitotécnicas e foliar deveria ser também
considerada ao se estabelecer o nível crítico, devido
ao fato de a concentração do nutriente no tecido ser
expresso em termos relativos, isto é, quantidade do nutriente/quantidade
de matéria seca.
A nutrição equilibrada do cafeeiro
confere maior produção por área, uma vez que
os componentes de produção da cultura são beneficiados.
Neste sentido, Androcioli Filho (2002) lembra que a produção
por área do cafeeiro é obtida pela produção
por planta multiplicado pelo número de plantas na área.
Para produção por planta os compontentes de produção
são:
* Número de ramos produtivos da planta;
* Número de nós produtivos em cada ramo;
* Número de frutos por nó;
* Peso das sementes por frutos.
Sistema Integrado de Diagnose e Recomendação
(DRIS)
Conforme comentado anteriormente, os dois critérios
de interpretação (nível crítico e faixa
adequada) discutidos baseiam-se no estabelecimento de padrões
para plantas produtivas e na comparação das concentrações
dos nutrientes das amostras com esses padrões. Nos dois procedimentos,
utiliza-se o teor absoluto de nutrientes.
Nestes dois critérios, tem-se a relação
do nutriente na folha, obtida em experimentação pelas
curvas de calibração, e a produtividade da planta.
Assim, a comparação de uma amostra qualquer com o
padrão, deve gerar indicação válida,
somente quando se tem as mesmas condições edafoclimáticas
(temperatura, disponibilidade de água e de outros nutrientes,
e reação do solo, entre outras) em que foi ajustada
a curva de calibração.
Assim, em condições de campo, em
lavouras comerciais, poucas glebas reproduzem as mesmas condições
de crescimento e desenvolvimento daquelas obtidas na curva de calibração.
Nestas circunstâncias, há ressalvas ao método
do nível crítico ou faixa adequada, em função
de sua capacidade ser limitada em prognosticar o estado nutricional
da cultura para determinado nutriente, comprometendo a precisão
da futura recomendação de adubação.
O DRIS foi idealizado como um processo de diagnóstico
capaz de superar as limitações do método convencional
(nível crítico ou faixa adequada ou de suficiência),
discutido anteriormente e, principalmente por minimizar os efeitos
de diluição ou de concentração dos nutrientes
em relação às variações no acúmulo
de matéria seca pelos tecidos vegetais.
A concepção teórica do DRIS
é interessante agronomicamente, pois permite trabalhar com
relações de todos os nutrientes. Assim, pode existir
uma situação em que a baixa produção
da cultura se relacione com o desbalanço nutricional e, talvez,
com um pequeno acréscimo daquele nutriente, o problema seja
selecionado com reflexo significativo na produção
e na relação benefício/custo.
Na verdade, o DRIS é uma técnica
baseada na comparação de índices, calculados
através das relações entre nutrientes. O sistema
baseia-se no cálculo de índices para cada nutriente,
considerando a sua relação com os demais e comparando
cada relação com as relações médias
de uma população de referência (alta produção).
Para cada nutriente, índices com valores negativos indicam
deficiência, e positivos, excesso, enquanto valores próximos
de zero correspondem a uma nutrição equilibrada.
O sucesso do DRIS vai depender da confiabilidade
dos dados obtidos na população de referência,
dependente do alto número de observações que,
muitas vezes, constitui o gargalo do DRIS. Some-se a isso o fato
de que o DRIS não é imune às adversidades,
comuns nos outros métodos de diagnose. É necessário
que a aplicação do DRIS seja regional e não
extrapolada para muitas regiões produtoras, e que mantenha
controle satisfatório de técnicas de amostragem dos
tecidos para diagnose.
O DRIS foi desenvolvido para a interpretação
menos dependente de variações de amostragens com respeito
à idade e origem do tecido, permitindo um ordenamento de
fatores limitantes de produção e realçando
a importância do balanço de nutrientes (Bragança
& Costa, 1996).
Embora a concepção teórica
do DRIS seja antiga, pois a primeira publicação foi
a de Beaufilis (1973), somente no final da década de 90 seu
potencial está sendo explorado, sendo impulsionado principalmente
pelo avanço da informática nos últimos tempos.
Costa et al. (1998) desenvolveram normas DRIS para
o cafeeiro Conillon, em sessenta e cinco lavouras, durante três
safras, nas principais classes de solos do Norte do Espírito
Santo. O critério adotado como produção ótima
foi de 40 sacas por ha por ano. Através das normas DRIS obtidas,
avaliou-se o estado nutricional de lavouras cafeeiras e obteve-se
que, em 32% das propriedades, a deficiência de Mn foi a mais
limitante, seguida do cobre, zinco, boro e fósforo, cujas
freqüências foram de 16; 14; 14 e 8%, respectivamente.
Costa (1997), trabalhando com o sistema DRIS, identificou
desequilíbrios nutricionais, principalmente em relação
ao Ca/Mg e Fe/Cu, indicando a importância do estudo das relações
entre os nutrientes, principalmente para os níveis mais elevados
de produção, em que o equilíbrio entre os nutrientes
passa a ser crítico (Tabela 12).
Tabela 12. Relação Ca/Mg e Fe/Cu,
P/K, N/Cu, K/Mg, Ca/B, Mg/B nas normas DRIS para o cafeeiro, para
seis classes de produção (Costa, 1997).
|
Produção saca/ha
|
Média da relação |
Ca/Mg |
Fe/Cu |
P/K |
N/Cu |
K/Mg |
Ca/B |
Mg/B |
|
>50 |
4,82 a |
21,54 a |
0,06 a |
0,41 a |
7,16 a |
0,03 a |
0,01 a |
40-50 |
4,42 ab |
12,95 ab |
0,06 a |
0,29 a |
6,29 a |
0,03 a |
0,01 a |
30-40 |
4,14 ab |
11,82 b |
0,06 a |
0,35 a |
7,03 a |
0,03 a |
0,01 a |
20-30 |
3,94 b |
11,03 b |
0,06 a |
0,31 a |
6,36 a |
0,03 a |
0,01 a |
10-20 |
4,04 b |
9,89 b |
0,06 a |
0,30 a |
6,69 a |
0,03 a |
0,01 a |
<10 |
3,83 b |
11,03 b |
0,06 a |
0,28 a |
7,16 a |
0,02 a |
0,01 a |
|
As médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente
entre si, pelo teste de Tukey (p<0,05).
O estudo das diferentes classes de produtividade
destaca a importância dos padrões nutricionais de referência
parao cafeeiro Conillon (Coffea canephora),no Norte do Estado
do Espírito Santo, principalmente em função
da produção esperada.
Menezes (2001) determinou as normas DRIS para cafeeiro
arábica cultivado nas regiões de Manhuaçu,
Viçosa, Patrocínio, Guaxupé e São Sebastião
do Paraíso e para o estado de Minas Gerais como um todo.
Os índices DRIS permitiram detectar os principais problemas
nutricionais encontrados em cada lavoura amostrada. Foram também
identificados os nutrientes mais limitantes nos cafeeiros, por região,
por produtividade e de acordo com o ano amostrado.
O estado nutricional dos cafeeiros diferiu em cada
região, conforme a produtividade e em função
do ciclo bianual de produção. Nas lavouras menos produtivas
os problemas nutricionais detectados foram maiores. Nos cafeeiros
da região de Manhuaçu destacaram-se Mn e Fe, por excesso,
B, por excesso e por deficiência, e Cu, por deficiência,
independentemente do ano amostrado e da produção das
lavouras. Na região de Patrocínio, as lavouras de
alta produtividade, em sua maioria, não apresentaram problemas
nutricionais. Nas lavouras de média produtividade destacaram-se
B, por excesso e Cu, por estar em excesso em algumas lavouras e,
deficientes em outras. Nas lavouras de baixa produtividade destacaram-se
excesso de B, no ano de alta produtividade e tendência ao
excesso de Mg, no ano de baixa produtividade.
Na região de Guaxupé e São
Sebastião do Paraíso, no ano de alta produtividade,
na sua maioria, as lavouras não apresentavam problemas nutricionais
relevantes, independentemente da faixa de produtividade. No ano
de baixa produtividade, para as lavouras de média produtividade,
os principais problemas foram excesso de S e deficiência de
Zn. Nos cafeeiros da região de Viçosa, as lavouras
de alta produtividade não apresentaram grandes problemas
nutricionais. As lavouras de média produtividade apresentaram
excesso de Zn e Cu e deficiência de B. Nas lavouras de baixa
produtividade da região de Viçosa, destacaram-se Zn,
por tendência à deficiência, e Cu, por tendência
ao excesso.
Reis Júnior et al. (2002) estabeleceram
normas DRIS para o cafeeiro no Sul de Minas Gerais, a partir de
banco de dados com lavouras de baixa (<15 sacas ha-1), de referência
(15-40 sacas ha-1) e de alta produção (>40 sacas
ha-1).
É importante ressaltar que, apesar da importância
da diagnose foliar em culturas perenes, ela não substitui
a análise química do solo; assim sendo, as duas ferramentas
devem ser utilizadas conjuntamente, possibilitando uma recomendação
de adubação mais precisa.
Entretanto, salienta-se que a diagnose pela análise
química foliar, para determinados nutrientes, tem contribuído
mais do que a análise química de solo, especialmente
para o nitrogênio, enxofre e micronutrientes. Para os dois
primeiros, é explicada pelas instabilidades que apresentam
no solo em curto espaço de tempo, ou seja, são elementos
altamente dependente da matéria orgânica e da atividade
da microbiota do solo e não por falta de métodos laboratoriais
adequados. Enquanto, para os micronutrientes, o maior problema é
a pouca pesquisa de calibração da análise de
solo.
No caso do nitrogênio, ultimamente, está
sendo muito discutido um método diagnóstico indireto
através da leitura de clorofila. Conforme relataram Paulo
et al. (2000), estudos recentes têm evidenciado a possibilidade
da detecção da deficiência de nitrogênio
através da determinação do teor de clorofila
em plantas de cafeeiro. Os autores obtiveram melhor ajuste nas relações
entre a dose de N x leitura de clorofila próximo aos 30 dias
após a aplicação do fertilizante nitrogenado.
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