TEXTO BÁSICO
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A Figura 1, preparada com dados de Corrêa
et al. (1986), mostra a acumulação de matéria
seca pelo cafeeiro da cvs Catuaí e Mundo Novo, ambas plantadas
na região do cerrado, em espaçamento de 4x2m, com
duas plantas por cova. Pode-se observar que até 3,5 anos,
há um pequeno aumento na produção de matéria
seca total, em ambas as cultivares, aumentando-se rapidamente a
seguir e, a partir de 6,5 anos, apresenta uma tendência para
se manter constante. Para os frutos, tem-se nitidamente uma ocilação
anual da matéria seca em ambas as cultivares.
A Figura 2, extraída do mesmo trabalho,
indica a acumulação de nutrientes N e K pelas mesmas
plantas, a qual varia paralelamente à produção
de matéria seca. No período considerado, e essa é
uma observação importante, a colheita sofreu enorme
variação, de 7 a 50 sacas beneficiadas por hectare,
respectivamente, aos 5,5 e 6,5 anos de idade. Entretanto, as quantidades
de N e K acumuladas foram sempre crescentes, indicando que, nos
anos de baixa produção, o cafeeiro absorveu os elementos
para produzir ou refazer a vegetação. Nos anos de
alta colheita, consumiu os nutrientes para fazer grãos, principalmente.
Diante destes resultados, pode-se infenir que: não é
permitido adubar pouco, nos anos de baixa, e muito, nos anos de
alta produção, visto que as necessidades são
sempre crescentes.

Figura 1. Acumulação de MS pelas cultivares de cafeeiro
Mundo Novo (Corrêa et al., 1986).

Figura 2. Marcha de absorção do N e do K pelo cafeeiro
(Corrêa et al., 1986).
Cietto (1988), estudou em cafeeiros (Coffea
arabica L. cv. Catuai) com dois, três, quatro e cinco
anos de idade no campo, situada em Latossolo Vermelho Amarelo, fase
cerrado, em Salto, SP, a acumulação de matéria
seca e recrutamento de macro e micronutrientes (exceto cloro e molidbênio)
no caule, ramos, folhas e frutos, durante as épocas correspondente
as fases fenológicas de: repouso, granação
e maturação. Concluiu-se que: - A idade de maior acumulação
de matéria seca e nutrientes pelo caule, ramos e folhas varia
em função das épocas; constitui exceção
o potássio que mostra os valores mais elevados aos cinco
anos, para as três épocas; - A maior acumulação
de matéria seca, nitrogênio, fósforo, potássio,
cálcio, cobre, manganês e zinco pela parte aérea
nos meses de julho, janeiro e junho, ocorre em cafeeiros com cinco
anos; a acumulação de magnésio, enxofre, boro
e ferro varia em função das épocas; - Em janeiro
e junho os cafeeiros de cinco anos acumulam as maiores quantidades
de matéria e nutrientes nos frutos; o cálcio e o ferro
não mostram diferenças entre as idades, no mês
de janeiro; - O cafeeiro aos cinco anos a nível de campo
exporta através da colheita, em função do conteúdo
total na planta 45% de N, 65% de P, 62% de K, 26% de Ca, 32% de
Mg, 37% de S, 30% de B, 46% de 'Cu', 26% de Fe, 14% de Mn e 25%
de Zn.
Em um estudo recente mostra ainda que as flores
do cafeeiro tem alta exigência em determinados nutrientes
como o Mg, P e Ca que acumula neste órgão 52%, 31%
e 26%, em relação à extração
total (flores, folhas e ramos), evidenciando a importância
destes nutrientes no florescimento do cafeeiro. As quantidades encontradas
nas flores equivalem, à extração de 74 kg ha -1
de N, 80 kg ha -1 de K; 69 kg ha -1 de Ca e 39 kg ha -1 de Mg, mobilizados
neste órgão (Malavolta et al., 2002).
Da quantidade total de nutrientes absorvida pelo
cafeeiro (Figura 2), uma parte é acumulada nos grãos,
que são retirados da lavoura na ocasião da colheita.
Assim, conhecer quais os nutrientes que são mais exportados
via grão, é necessário para repor essa "perda"
através da adubação. Neste sentido, Malavolta
(1993), em um estudo com grãos de café (média
de três cultivares), encontrou as quantidades de macro e micronutrientes
contidas em uma saca de café (Tabela 8). Nota-se que o N
e o K são os nutrientes mais exportados pelo cafeeiro. Villaseñor
(1987), no México, também reportou que o N e o K são
os nutrientes mais exportados pelos grãos de café
(N=15 kg; P2O5=2,5 kg e K22O=24 kg por t).
Portanto, observa-se a alta proporção
de elementos contidos na casca (Tabela 8), indicando que devolvê-la
ao cafeeiro, é um modo eficiente de se economizar fertilizante.
Tabela 8. Teor e acúmulo de macronutrientes
e micronutrientes nos grãos e na casca de café (Malavolta,
1993)
Elemento casca2 |
grão |
casca |
grao1 |
|
% |
g |
Nitrogênio |
1,71 |
1,78 |
996 |
525 |
Fósforo |
0,10 |
0,14 |
66 |
42 |
Potássio |
1,53 |
375 |
918 |
1123 |
Cálcio |
0,27 |
0,41 |
168 |
126 |
Magnésio |
0,15 |
0,13 |
96 |
36 |
Enxofre |
0,12 |
0,15 |
78 |
48 |
|
mg kg -1 |
|
Boro |
16 |
34 |
0,96 |
1,02 |
Cobre |
15 |
18 |
0,80 |
0,54 |
Ferro |
60 |
150 |
3,60 |
1,50 |
Manganês |
20 |
29 |
1,20 |
0,87 |
Molibdênio |
0,05 |
0,07 |
0,003 |
0,002 |
Zinco |
12 |
70 |
0,72 |
2,10 |
|
1 nutrientes acumulados em 60 kg de
grãos; 2 nutrientes acumulados em 30 kg de
casca. |
Além de fornecer nutrientes, a casca de
café também melhora a fertilidade do solo, segundo
Paes et al. (1966), que constataram acréscimo da CTC e do
valor pH em três classes de solo (AQ; LVA, LE).
Em outro estudo, avaliou-se a marcha de absorção
de nutrientes pelos frutos ao longo de seu desenvolvimento. Para
isto, Chaves (1982) estudou a concentração de nutrientes
nos frutos durante um ciclo de produção, observando
que as concentrações de N, P, K, Ca, Mg, B, Cu, Mn
e Zn foram elevadas nos frutos, em seus estádios iniciais
de crescimento. O comportamento do K, Ca, Mg, S, Cu e Mn, ao longo
do desenvolvimento dos frutos, foi semelhante quando se analisaram
folhas de ramos com frutos e folhas de ramos sem frutos. O acúmulo
máximo de nutrientes pelos frutos oscilou entre 210 e 252
dias após o início da fase de "chumbinho",
com exceção do Zn, que ocorreu aos 126 dias. A extração
total de nutrientes pelos frutos obedeceu à seguinte ordem
decrescente: K, N, Ca, Mg, S, P, Mn, B, Cu e Zn. Assim, estes resultados
dão duas informações de extrema importância,
ou seja, qual a época e quais os nutrientes que mais são
extraídos pelos frutos durante seu desenvolvimento.
Tendo-se o conhecimento das concentrações
de nutrientes na matéria seca do cafeeiro e estimando-se
a sua capacidade produtiva, pode-se avaliar a demanda de nutrientes
pela planta, o que auxiliará a prática da adubação
de manuntenção com maior precisão. Portanto,
uma das formas para a avaliação da necessidade nutricional
das plantas é a diagnose foliar, que será discutida
posteriormente.
Cabe salientar que os nutrientes absorvidos pelo
cafeeiro podem sofrer variação, com o desenvolvimento
da planta, levando a alterações na relação
dos nutrientes, conforme Carvajal et al. (1969) observaram na relação
de bases (K/ Ca+Mg), em cafeeiro da cv. Bourbon (Tabela 9).
Entretanto, estas variações nos teores
de nutrientes podem sofrer interferências pela cultivar, pelo
porta-enxerto do cafeeiro e pelas condições edafoclimáticas
da região.
Tabela 9. Relação das bases absorvidas
pelo cafeeiro durante o ciclo de produção (Carvajal
et al., 1969).
|
Mês |
K/Ca+Mg |
Mês |
K/Ca+Mg |
|
Setembro |
2,7 |
Março |
0,7 |
Outubro |
3,5 |
Abril **** |
1,3 |
Novembro * |
1,1 |
Maio |
1,0 |
Dezembro |
4,9 |
Junho |
0,9 |
Janeiro ** |
16,1 |
Julho |
0,9 |
Fevereiro *** |
2,1 |
Agosto |
- |
Média |
3,2 |
|
|
|
* época da colheita; ** antagonismo (alta absorção
de K reduziu absor- ção de Ca); *** primeira indução
floral; **** florescimento.
Neste sentido, Nakayama et al. (2001) constataram
algumas variações nutricionais, em diferentes cultivares.
Para isto, estudaram a absorção de nutrientes, em
mudas de cafeeiro cvs. IAC 99; IAC 379-19; IAC 7944; IAC 44; MG
1192 e IAC 62, verificando que os teores de N, P, K, Ca e S não
evidenciaram diferenças significativas; entretanto, para
Mg, a cv. IAC 99 (10,9 g kg -1) apresentou teor superior às
cvs. IAC 379-19 (9,0 g kg -1) e IAC 7944 (8,9 g kg -1).
Ultimamente, vêm sendo muito discutidas as
vantagens da enxertia em cafeeiro, visando aumentar a resistência
da planta a doenças e pragas; entretanto, pouco se sabe da
nutrição dessas plantas. Neste sentido, a enxertia
de cultivares de Coffea arabica L. sobre Coffea canephora
Pierre vem sendo utilizada como alternativa em áreas infestadas
por nematóides, em vista da resistência de C. canephora
a esse patógeno.
Diante disso, Fahl et al. (1998) estudaram no campo,
em áreas isentas de nematóides, o desenvolvimento
da parte aérea, a nutrição mineral e a produção
de cvs. de C. arabica enxertadas sobre C. canephora e C. congensis.
Em 1986, instalaram-se experimentos em Campinas, Garça e
Mococa (espaçamento de 3,5 x 2,0 m, com duas plantas por
cova).
Como porta-enxerto, utilizaram-se duas progênies
de C. canephora (Apoatã IAC 2258 e IAC 2286) e uma de C.
congensis (IAC Bangelan, coleção 5), tolerantes a
nematóides e, como enxerto, duas cultivares de C.arabica
(Catuaí Vermelho IAC H 2077-2-5-81 e Mundo Novo IAC 515-20).
Também se efetuaram auto-enxertias no Catuaí e no
Mundo Novo e, como testemunhas, consideraram-se plantas dessas cultivares
não enxertadas. Os dados mostraram que, mesmo na ausência
de nematóides, a utilização de progênies
de C. canephora e de C. congensis como porta-enxerto conferiu maior
desenvolvimento e produção (médias de cinco
anos) às cultivares de C. arabica, sendo esse efeito mais
acentuado no 'Catuaí'. De modo geral, a enxertia aumentou
o crescimento em altura, em todas as estações do ano.
As plantas enxertadas apresentaram maiores teores foliares de potássio
e menores de manganês, em relação às
não enxertadas. A enxertia não alterou de modo consistente
os teores dos demais nutrientes.
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