Nutrição de Plantas natural
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Café

TEXTO BÁSICO

Texto básico > Nutrição e fitossanidade

O papel da nutrição na redução de doenças do cafeeiro está sendo muito estudado, apresentando resultados promissores. Existem indicações de que a deficiência de fósforo pode favorecer o desenvolvimento de doenças, como a causada pelo patógeno Colletotrichum coffeanum (Malavolta et al., 1997). Isto pode ter ocorrido, segundo os autores, devido ao fato de que o desenvolvimento do tecido vegetal foliar deficiente em P é lento, o que favorece o ataque do patógeno em tecido jovem mais suscetível. Cabe ressaltar que a doença apresenta similaridade com a deficiência de B.

A combinação do fósforo com potássio, em doses crescentes, também tem sido importante na redução do ataque de cercosporiose em cafeeiro (Tabela 7).

O desequilíbrio da relação N e K também pode induzir maior intensidade da cercosporiose, conforme foi obtido por Alexandre-Pozza (1999) em cafeeiro na fase de mudas.

Tabela 7. Intensidade da incidência de cercosporiose em mudas de cafeeiro submetidas a diferentes níveis de adubação, 30 dias após a inoculação com Cercospora coffeicola (Fernandes,1988).

Níveis de P-K Proporção cumulativa
Área foliar lesionada Desfolha

50-10 0,9a 1 0,6a
150-40 0,8ab 0,4b
300-80 0,6b 0,3bc
450-120 0,4c 0,2c
CV(%) 24 34

1 Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey (p<0,01).

Talamini et al. (2001) em cafeeiro em formação (Acaiá Cerrado MG 1474) estudaram a incidência de doença em função da irrigação e do parcelamento de NK via fertirrigação. Para a ferrugem, não houve diferença entre os tratamentos. Para cercosporiose, houve apenas diferença para o fator irrigação, sendo que o déficit hídrico intensificou a incidência da doença, visto que a absorção de nutrientes possivelmente foi reduzida. Portanto, maior número de parcelamento da adubação não foi importante na incidência da cercosporiose, uma vez que as quantidades de nutrientes foram iguais.

Gomez (1982) verificou que a aplicação de palha de café em mudas de café, na proporção 3:1 (solo:palha), uma redução da incidência da cercosporiose. O autor atribuiu esse fato à riqueza em macro e micronutrientes presentes na palha, especialmente N e K.

Os efeitos do cálcio na redução de doenças, deve-se ao seu papel conhecido como constituinte da lamela média da parede celular, presente principalmente na forma de pectatos de cálcio, conferindo resistência a penetração de agentes patogênicos. Além disso, o cálcio exerce um papel inibitório na ação das enzimas provenientes de fitopatógenos como a galacturonase e a poligalacturonase (Marschner, 1995), as quais estas enzimas são produzidas por patógenos e são responsáveis pela dissolução da lamela média das células, e assim facilita sua entrada na planta (McGuire & Kelman, 1986). Neste sentido, Garcia Júnior (2002), cultivando mudas de cafeeiro (cv. Mundo Novo, IAC 379-19) em solução nutritiva, verificou que doses crescentes de cálcio reduziu a incidência da cercosporiose. Cardoso et al. (1985) cultivaram mudas de cafeeiro (cv. Mundo novo) em solução nutritiva com Ca (0 a 400 µgmL-1) infectadas com Fusarium oxysporum, durante 105 dias. Observaram que as plantas infectadas foram menos afetadas pelo fungo em condições de alto nível de Ca, indicando que este elemento foi efetivo na defesa da planta contra a proliferação do fungo nos tecidos condutores.

Fernandez-Borrero et al. (1966) verificaram que a adubação adequada no campo, além de aumentar a produção, pode reduzir a incidência de cercosporiose, visto que o cafeeiro sem e com adubação (fórmula12-12-17, na dose 180 g/ planta, cinco vez ao ano) apresentou uma incidência da doença em 33% e 4%, resultando em perdas de 22% e 2%, respectivamente.

Caixeta et al. (2002) verificaram o efeito da nutrição nitrogenada e potássica sobre o ataque do bicho mineiro em mudas de cafeeiro (Catuaí Vermelho, IAC 99) com seis meses de idade e testou a hipótese do vigor da planta. Durante dois meses houve a liberação das mariposas (100 adultos por semana) e em seguida avaliou-se os teor de nutrientes nas folhas, área foliar e o vigor das mudas. Pelos resultados observou-se: correlação significativa e positiva (r =0,57; P<0,05) entre o teor foliar de N e o número de minas por planta, indica que o aumento na disponibilidade de N favorece o ataque do ataque do bicho-mineiro. O número de minas apresentou correlações significativas com a área foliar (r = 0,75; P<0,01), com o número total de folhas (r = 0,60) e com o tamanho médio de folhas (r = 0,76; p<0,01). Esses valores de correlação, maiores que o obtido para o teor de N, indicam que as características de vigor das mudas de cafeeiro foram os principais fatores determinantes do ataque da praga.

Ribeiro (1993) estudou em mudas de cafeeiro a sensibilidade à seca dos ponteiros, considerando-se plantas muito (catimor 1359) e pouco suscetível (catimor 2000) e o controle (Catuaí) foram cultivadas em solução nutritiva por 90 dias, com doses crescentes de potássio. As variações dos nutrientes (N, P, K Ca, Mg) “per si” na planta não explicaram a ocorrência da seca dos ponteiros. Entretanto os resultados sugerem que a maior predisposição da planta suscetível (catimor 1359) ao fenômeno possa relacionar-se com não-desenvolvimento de uma área foliar compatível com uma grande produção de frutos. Nesse caso, estudos com características que levem em consideração a partição de fotossimilados e a eficiência de absorção de potássio, em plantas jovens, apresentam-se promissores para a seleção precoce de genótipos de cafés com diferentes suscetibilidades à seca dos ponteiros.

Andrade (2001) investigou a relação entre determinados nutrientes (B, Zn e S) fornecidos, via solo, ao cafeeiro e a ocorrência do ácaro B. phoenicis, transmissor do vírus da mancha anular. Verificou-se que plantas bem nutridas em S e Zn com doses baixas de B podem atuar como agente controlador do ácaro. Assim notou-se que a aplicação de S no solo, aumentou seu teor nas folhas e exerceu um efeito sobre a presença do ácaro reduzindo assim a ocorrência da mancha anular. Este fato pode aumentar a tolerância do cafeeiro ao ataque do presente ácaro e as suas manifestações.

Um grande problema fitossanitário do cafeeiro, seria os prejuízos causados pelos nematóides que pode ser afetado pelo o seu estado nutricional, pois plantas bem nutridas suportam melhor o ataque desses parasitos e, também, a ausência ou excessos de certos nutrientes pode forçar o parasito a abandonar as raízes ou ainda afetar a proporção de machos e fêmeas na população das espécies de nematóides nas plantas infestadas (Huang, 1985).

Ultimamente tem sido também estudado no Brasil, em diversas culturas o efeito do silício na proteção das plantas ao ataque de pragas e doenças. O silício quando absorvido pela planta acumula nas celulas da epiderme das folhas, formando composto organano-mineral “opala” servindo de barreira física a entrada de organismos estranhos. No caso do cafeeiro, ainda não existe resultado conclusivo, sobre a influencia do Si e os benefícios ao sistema solo-planta, entretanto existem estudos, na Universidade Federal de Uberlândia, com resultados promissores em diversas culturas (cana-de-açúcar, arroz e braquiárias, etc).

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