TEXTO BÁSICO
Texto básico
> Nutrição mineral
A carambola e as plantas em geral necessitam, para
o ciclo de vida, dezesseis nutrientes essenciais, sendo três
(C, H e O) vindos do ar e da água, que compõem 90-95%
do total, e o restante dividido em ma cronutrientes (N, P, K, Ca,
Mg e S) e micronutrientes (Fe, Mn, Zn, Cu, B, Cl e Mo) que devem
ser fornecidos via adubação. Estes nutrientes exercem
funções específicas na planta, as quais podem
ser divididas em estrutural, constituinte de enzimas e ativador
enzimático, que garantem adequado crescimento e desenvolvimento,
além de aumentar a resistência da planta ao ataque
de pragas e doenças, garantindo maior produção
e qualidade de frutos.
O estado nutricional da carambola pode ser conhecido
pela análise foliar, de forma que os nutrientes, estando
em um nível ou faixa de concentração na planta,
condicionariam alta produção de frutos. Caso os nutrientes
avaliados estejam abaixo faixa adequada, há necessidade de
reposição, seja via solo ou foliar. Portanto, a análise
química de folhas, juntamente com a análise química
do solo, poderão garantir adequada fertilização
e nutrição da carambola. Embora a nutrição
da carambola seja muito pouco estudada, entretanto, naliteratura,existem
algumas indicações preliminares da composição
química das folhas para carambola (Tabela 1) (Crane, 1998).
Cabe salientar que, para a maioria dos nutrientes, os seus níveis
indicados pelos autores são semelhantes; entretanto, podem
ser diferentes. Isto ocorre pelas diferenças entre o ambiente,
os métodos químicos de analise e as cultivares de
carambola utilizadas nos trabalhos dos autores.
Miller-lhli (1996) avaliou a concentração
de alguns nutrientes cotitidos em frutos de carambola comercializados
nos Estados Unidos. A concentração em mg por 100 g
foi de: Ca=2,70; Cu=0,026; Fe=0,104; K=124; Mg=8,87; Mn=0,035; Na=1,14;
Zn=0,133. Chattopadhyay & Ghosh (1994) estudaram a concentração
de nutrientes durante o florescimento e desenvolvimento do fruto
de carambola. A concentração de nutrientes variou
com o desenvolvimento da planta. Nos frutos maduros, as concentrações
foram de: N=1,43; P=0,336; K= 0,65%; Fe=3,8; Mn= 0,121; Zn= 1,62;
Cu=2,48 mg por 100 g. enquanto para Nakasone & Paull (1998),
a carambola remove em cada tonelada de fruto produzido de N, P,
K, Mg, S e Ca dc 1,02; 0,12; 1,58; 0,1; 0,1 e 0,05 kg. Através
destes resultados, nota-se que o potássio e o nitrogênio
são os nutriente mais exportados pela cultura, de forma que
sua reposição nas adubações de cobertura
torna-se fundamental. Estes dados da exportação dos
nutrientes pode ser útil apenas para definir as doses de
adubo para repor os nutrientes levados com a colheita; entretanto,
as doses ficam subestimadas por não considerar as perdas
dos nutrientes (lixiviação, adsorção,
precipitação, imobilização e desnitrificação).
Salienta-se que os valores citados na Tabela 1,
referentes à composição química das
folhas de carambolas não foram correlacionados com a produção
da planta, portanto, exprimem apenas uma indicação
de plantas aparentemente normais. Logo, cabe à experimentação
a formulação de curvas de resposta e calibração
para definirem os teores foliares adequados dos nutrientes para
a carambola, especialmente em solos tropicais.
Tabela 1 - Composição química
de macro e micronutrientes de folhas da cultura da carambola.
Nutrientes |
Brasil 1 |
Flórida 2 |
Flórida 3 |
|
g kg -1 |
N |
14 |
17-20 |
23-26 |
P |
1,2 |
1,5-2,5 |
1,8-3 |
K |
1,2 |
13-17 |
15-21 |
Ca |
9,8 |
20-50 |
- |
Mg |
6,4 |
9,2-13 |
6,2-7,6 |
S |
2,4 |
|
- |
|
mg kg -1 (ppm) |
B |
51 |
30 |
46-60 |
Fe |
170 |
95-198 |
810-1220 |
Mn |
73 |
67-112 |
99-188 |
Zn |
20 |
68-87 |
- |
Cu |
<5 |
5 |
- |
Na |
198 |
- |
- |
|
Fonte: Dados coletados
cm condições de campo, em arnostragem de ramos
sem frutos, no Brasil (Silva et al.,1984); 2Dados coletados
em condições de campo, em amostragem de ramos
sem frutos, na Estação Experimental (IFAS)
da Universidade da Flórida * USA (Banerd, s.d.).
3Amostragcm de ramos sem frutos, em condições
de casa de vegetação, cm plantas jovens cv.
Arkin (Balerdi,s.d.). Série Frutas Potenciais |
Para iniciar os estudos de diagnose foliar na carambola, é
necessário definição da amostragem de folha&
Os cuidados para a definição das áreas homogêneas
são os mesmos discutidos na amostragem dc solo. Entretanto,
a análise química de folhas mostra-se mais complexa
que a análise de solo, tendo em vista a dificuldade da
amostragem da “folha ideal”, ou seja, saber qual foLha
exprime maior sensibilidade em expressar o real estado nutricional
da planta. E importante relatar que a folha da carambola é
alterna, peciolada e peniforme, composta de 2 a 11 folíolos
ou “folhinhas”, embora sejam mais encontradas 3 a
6 “folhinhas” (Galán Sauco et ai., 1993). Portanto,
o conjunto destas folhinhas é que constitui a folha da
carambola.
Para a obtenção de uma amostra de
folhas representativa para estimar o estado nutricional de um pomar,
é necessário coletar a folha certa, na época
adequada e em número suficiente. Logo, existem algumas sugestões
para os procedimentos de amostragem de folha em um pomar de carambola
(Crane, 1998): 1 - Amostrar folhas recentemente maduras em galhos
sem frutos, durante os meses de junho e julho; 2 -Amostrar no mínimo
10 árvores (até 20) por gleba homogênea (até
4 ha) e no mínimo 10 folhas por árvore; 3 - Coletar
as folhas com 0,9 a 2,1 m de altura; 4 - Coletar as folhas em todos
os lados da árvore; 5 - Coletar as folhas dentro do tamanho
normal; 6 - Em pomar com sintomas de deficiência nutricional,
coletar apenas as folhas com incidência mediana destes presentes
sintomas; 7 - Coletar as folhas livres de danos de insetos ou doenças;
8 Evitar amostrar folhas em árvores recentemente podadas;
9 - I.imitar amostras de folhas individuais de uma cultivar ou de
árvores sob práticas culturais similares; 10 -Coletar
as folhas preferencialmente antes ou após (30 dias) adubações
foliares.
O estado nutricional da planta pode ser conhecido
não só pelas avaliações da concentração
dos teores foliares, conforme comentado anteriormente, mas também
pela visu~lização dos Sintomas de deficiência
que são característicos para cada nutriente. Estes
sintomas, às vezes, podem ser confundidos com ataques de
pragas e doenças, sendo diferenciados devido estes ataques
geralmente ocorrerem cm rcboleiras, enquanto as deflciéncias
minerais ocorrem de maneira mais uniformemente no pomar. Além
disso, o nível de umidade do solo pode provocar anomalia
na planta que pode ser confundida com deficiências minerais,
provocadas tanto pelo déficit como pelo excesso hídrico.
Fato que pode ocorrer em pomares implantados em solos de baixa drenagem
da camada subsuperficial, como solos aluviais ou mesmo os Argissolos
(Podzólicos) em condições de altas precipitações
com duração superior a uma semana.
Os sintomas de deficiência dos principais
nutrientes observados em um estudo de casa de vegetação
foram descritos resumidamente a seguir (Thomas et al.,1998):
• Nitrogênio
Os sintomas são semelhantes tanto em folhas novas como velhas,
com clorose amarelada generalizada em toda a folha, tendo crescimento
paralisado.
• Fósforo
A deficiência inicia-se nas folhas mais velhas com redução
do tamanho, evoluindo para clorose avermelhada e até necrose
das folhas. O tronco da planta apresenta crescimento com diâmetro
reduzido e lenta.
• Potássio
Sintomas de deficiência aparecem primeiramente nas folhas
mais velhas, com mosqueado (áreas verde-claras e escuras)
com margens das folhas cloróticas (marrom) e evoluindo para
necróticas; observa-se, ainda, que as nervuras das folhas
inferiores da planta ficam proeminentes.
• Cálcio
Geralmente, os primeiros sintomas de deficiência aparecem
nas tolhas mais novas, caracterizadas pelo menor tamanho e com necrose
ao longo das margens das folhas, deixando-as quebradiças
com aspecto de recortadas Somente em novos fluxos de crescimento
são produzidas novas folhas, embora propensas a sofrer desfolha.
• Magnésio
Sintomas de deficiência aparecem inicialmente nas folhas mais
velhas com amarelecimento, bronzeamento e necrose nas margens da
folha. Algumas folhas da parte inferior da planta podem sofrer queda.
• Enxofre
Sintomas de deficiência ainda não foram descritos na
carambola. Entretanto, em outras culturas, são caracterizados
pela queda de folhas. As folhas novas aparecem cloróticas
(amareladas) e sem desenvolvimento e ainda com possibilidade de
necrose nas margens das folhas.
• Boro
As plantas com deficiência apresentam internódios curtos,
com botões axilares intumescidos (botão da base da
folha) e ainda a folha apresenta-se com aspecto de “queimada”
(tecido morto) e com queda prematura. Além disto, tem sido
observado que a brotação inicial e a produção
de frutos ficam reduzidas e ainda apresentando folhas verde-amareladas
com eventual queda. A deficiência severa causa a morte dos
botões dos ramos terminais e reduzido crescimento do tronco.
• Ferro
Os sintomas de deficiência iniciam-se nas folhas jovens com
clorose internerval e redução do tamanho da folha.
Os sintomas progridem, transformando os folíolos de amarelo-claros
para muito claoos (quase brancos) e com as nervuras verdes.
• Zinco
A deficiência deste elemento é drástica, com
redução do tamanho da folha e ficando estreita, espessa
e com lâmina recurvada. As folhas também podem ficar
cloróticas (amareladas) entre a nervura principal. Normalmente,
os internódios são curtos (relação a
distância entre as folhas junto ao tronco) e ainda com folhas
terminais com crescimento tipo roseta. Podem ocorrer, ainda, queda
prematura das folhas e atraso no crescimento do tronco. Série
Frutas Potenciais
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