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Exigências nutricionais do mamoeiro
Segundo Medina (1989), o mamoeiro é uma fruteira de rápido
crescimento, com florescimento precoce e contínuo em um período
relativamente curto, atingindo elevada produção de
frutos. Começa a florescer dos 5 a 7 meses de idade e a produzir
frutos de 9 a 14 meses, a contar do plantio no local definitivo.
Fatores como tipo de solo, precipitação pluviométrica,
localização da plantação, tratos culturais
e idade das plantas influem na prática da adubação.
Cunha (1979) conduziu um experimento com mamoeiro em condições
de campo em Botucatu-SP, objetivando avaliar o acúmulo de
matéria seca pela parte aérea da planta, em função
do tempo (Figura 1). Pelos resultados verificou que o acúmulo
de matéria seca do caule foi inicialmente lento até
aproximadamente 180 dias após o plantio, aumentando no período
de 180 a 330 dias e reduzindo novamente até aos 360 dias.
Observou que até cerca de 240 dias após o plantio,
a produção de matéria seca das folhas foi maior
que do caule, invertendo-se posteriormente em conseqüência
da abcisão das folhas mais velhas. A matéria seca
produzida pelas flores e frutos, que inicialmente é pequena,
aumenta rapidamente em função do desenvolvimento dos
frutos, após 300 dias do plantio, participando no final do
período estudado com 23% da matéria seca total produzida
pelos órgãos aéreos do mamoeiro.

Figura 1. Produção de matéria seca pelos órgãos
aéreos da planta de mamoeiro, em função da
idade (Dados do primeiro ano).
O acumulo de matéria seca pela parte aérea, após
um ano de desenvolvimento do mamoeiro no campo foi, em média,
de 2289 g por planta, correspondendo a 3,8 t ha -1, para uma população
de 1650 plantas (espaçamento de 3x2 m).
O mesmo autor avaliou nesse experimento o acumulo de nutrientes,
em função do tempo de cultivo. Observou que a marcha
de absorção de macronutrientes (Figura 2) e micronutrientes
(Figura 3) pela parte aérea do mamoeiro, seguem a mesma tendência
dos acumulos de matéria seca pela planta (Figura 1).
Quanto aos macronutrientes foi observado que o nitrogênio
e o potássio constituíram-se nos nutrientes com alta
exigência pelo mamoeiro. Embora aos 210 dias a necessidade
da planta pelo K seja superior a do N, o contrário ocorreu
aos 330 dias (Figura 2). O mamoeiro apresentou exigência nutricional
intermediária para o Ca, seguido do Mg, S e P.
Assim, no final do ciclo da cultura (360 dias), a parte aérea
do mamoeiro acumulou (em kg ha -1) 108,4; 103,6; 37,0; 15,7; 11,9
e 9,7 de K, N, Ca, Mg, S e P respectivamente.
Dentre os micronutrientes, o mamoeiro apresentou maior exigência
pelo Fe, seguido pelo Mn, com uma necessidade intermediária
e semelhante para o Zn e B. Menor exigência foi observada
para o Cu e por último para o Mo, com absorção
muito pequena.

Figura 2. Absorção média de macronutrientes
pela parte aérea total do mamoeiro, em função
da idade, considerando-se 1650 plantas por ha (Dados do primeiro
ano)

Figura 3. Absorção média de micronutrientes
pela parte aérea total do mamoeiro, em função
da idade, considerando-se 1650 plantas por ha (Dados do primeiro
ano)
No final do ciclo da cultura (360 dias), a parte aérea do
mamoeiro acumulou(em g ha -1) 338,2; 211,1; 106,4; 101,5, 29,7 e
0,3 de Fe, Mn, Zn, B, Cu e Mo respectivamente.
É oportuno salientar que as informações sobre
nutrientes acumulados na planta não constituem a sua exigência
total, visto que neste trabalho, Cunha (1979) computou apenas a
parte aérea, desconsiderando-se o sistema radicular. Portanto,
a necessidade total da planta será maior que a apresentada.
Nota-se, assim, que o mamoeiro é uma espécie frutífera
de crescimento rápido e constante, implicando em uma exigência
proporcional em todas as fases de crescimento (Vitti et al., 1989).
Thomas et al. (1995) verificaram em um experimento em vasos com
solução nutritiva, utilizando a técnica do
elemento faltante, que alguns nutrientes limitaram significativamente
o crescimento do mamoeiro. O N e o K foram os que mais afetaram
o desenvolvimento e, em menor proporção o Zn. A omissão
do Mg, Mn e Fe não afetou o crescimento da planta.
Quanto a exportação de macronutrientes pela colheita
(48,8 t ha -1 de frutos) verificou-se a seguinte ordem decrescente:
K>N>Ca>P=S>Mg, correspondendo, em kg/ha/ano, a 103,4;
86,7; 17,1; 10,0; 10,0; 9,6 respectivamente. Para os micronutrientes
esta ordem descrescente foi de: Fe>Mn>Zn>B>Cu>Mo,
correspondendo, em g/ha/ano, a 164,3; 90,2; 67,7; 48,3; 16,1; 0,4
respectivamente (Cunha, 1979).
Raij et al. (1997) avaliaram a exportação de nutrientes
por mamoeiros produzindo na faixa de 30-40 t ha -1 (Tabela 1). Esses
resultados servem para estimar a retirada de elementos pelas colheitas
em pomares formados. O conteúdo de nutrientes na vegetação
de um pomar (árvore inteira) de alta produtividade, representa
cerca de 3 a 4 vezes a extraída em uma colheita elevada.
Tabela 1. Nutrientes exportados pela cultura do mamoeiro.
N |
P |
K |
S |
kg t -1 |
1,8 |
0,3 |
1,6 |
0,2 |
Estes resultados mostram que os dois nutrientes mais exportados
pelo mamoeiro são o nitrogênio e o potássio.
Cabe salientar, ainda, que os genótipos da planta podem
diferir quanto à exigência e absorção
de nutrientes. Nesse sentido, Barreto et al. (2002) avaliaram 10
genótipos de mamoeiro dos grupos solo e formosa, quanto a
absorção de nutrientes, em amostras do terço
médio dos pecíolos da 11ª folha, coletadas no
início do florescimento. Observaram que o grupo solo, apresentou
maior exigência em Ca e Mg e o grupo formosa em P e Cu, mantendo
a proporcionalidade para os demais elementos.
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