TEXTO BÁSICO
Texto básico
> Sintomas de deficiências dos nutrientes em mangueira
Embora, para culturas anuais, a diagnose visual
tenha pouca importância prática, para culturas perenes,
como em mangueira, poderá ser uma ferramenta adicional para
o manejo da adubação, pois reflete desequilíbrios
nutricionais que podem ser corrigidos no mesmo ano agrícola,
entretanto, existirá determinada perda de produção,
dependendo do nível de deficiência do nutriente.
Segundo Malavolta et al (1997) informa que o sintoma
visível é o fim de uma série de eventos resumidos
na Tabela 1, em que são dados dois exemplos: deficiência
de zinco e toxidez de alumínio. A primeira conduz ao denominador
comum, encontrado em qualquer cultura que é o encurtartamento
dos internódios. No caso da toxidez de alumínio, é
típico o mau desenvolvimento das raízes, que ficam
curtas e grossas, semelhantes a uma formação de corais
(caralóides).
Falta ou Excesso |
Deficiência de Zn |
Excesso de Al |
Alteração molecular |
< AIA > Hidrólise de proteínas |
Pectatos "errados" < fosforilação
< absorção iônica (P, K, Ca, Mg) |
Modificação celular |
Células menores e em menor número |
Células menores e com 2 núcleos |
Modificação no tecido (= SINTOMA |
Internódiosmais curtos |
Raízes curtas e grossas; Folhas deficientes
em K, Ca, Mg, P |
|
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Tabela 1. Seqüência
de eventos biológicos que conduzem aos sintomas visíveis
de deficiência e excesso. |
Portanto, após a ocorrência dos eventos
biológicos a sintomatologia dependerá do elemento
que está provocando a desordem nutricional, e está
ligado a suas características intrínsecas como a sua
função e mobilidade na planta. Assim, Marchner (1986)
elaborou uma chave geral de sintomas de desordem nutricional (Tabela
2).
Parte da planta |
Diagnose visual |
Desordem nutricional |
Sintomas de deficiência nutricional |
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Clorose |
Uniforme |
N (S) |
|
Internerval ou em manchas |
Mg (Mn) |
Folhas velhas e maduras |
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Necrose |
Secamento da ponta e margens |
K |
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Internerval |
Mg (Mg) |
|
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Clorose |
Uniforme |
Fe (S) |
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Internerval ou em manchas |
Zn (Mn) |
Folhas novas lâminas e ápices |
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Necrose |
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Ca, B, Cu |
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Deformação |
|
Mo (Zn, B) |
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Sintomas de toxidez nutricional |
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Necrose |
Manchas |
Mn (B) |
|
Secamento da ponta e margens |
B, injúrias por sais |
Folhas velhas e maduras |
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pulverização |
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Clorose (necrose) |
|
Toxidez não específicada |
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Tabela 2. Princípios
gerais para a diagnose visual de desordens nutricionais (Marschner,
1986). |
Como alguns sintomas são característicos
para determinadas plantas de forma que existe na literatura, relatos
apresentado inicialmente por Childers (1966), que descreveu alguns
sintomas de deficiência de nutrientes em mangueira (Tabela
3).
Kumar & Nauriyal (1969), citado por Samra
et al. (1978), observaram em mudas de mangueira cultivadas em areia,
sintomas de deficiência severa de nutrientes, quando os teores
de N, P, K, Ca, Mg e S atingiram (em g kg-1): 6,8; 0,3; 2,4; 8,1;
1,0; 3,2 respectivamente. Agarwala et al. (1998) estudando a omissão
de Mn, Zn e B em mangueira “Dashehari” cultivada em
areia, observaram os sintomas de deficiência de Zn ocorreram
primeiro e depois de B e Mn. Após 124 semanas de cultivo,
as plantas com deficiência aguda apresentaram os teores foliares
de Mn, Zn e B de: 3,8; 7,0 e 20,0 µg/g, e as plantas que recebeu
solução completa foi de 22; 28 e 100 µg/g, respectivamente.
Para o Cu, os teores foliares em mangueira cultivada
em solução nutritiva (vasos de 12 L em areia) com
omissão do nutriente e da solução completa,
foram de 2,7-3,8 e de 7,4-10,2 µg Cu/g, respectivamente (Agarwala
et al., 1991).
Chaudhary & Nauriyal (1989) estudaram em solução
nutritiva (em areia) níveis baixos de Ca (10 ppm), Mg (11
ppm) e S (4,5 ppm) acrescentando os outros elementos essenciais,
e uma solução completa. Observaram que no tratamento
com baixo Ca, reduziu seus teores foliares de 2,44 para 0,81%, além
do N de 1,88 para 1,26% e ainda aumentou o K de 0,96 para 1,60%
e o B 64 para 112 ppm; a solução com baixo Mg, reduziu
seu teor de 0,32 para 0,10% e aumentou o K de 0,95 para 1,40% e
o de B de 64 para 155 ppm; e o baixo nível de S reduziu também
seu teor de 0,74 para 0,32%, Ca de 2,44 para 1,96% e Mn de 59 para
33 ppm e aumentou o K de 0,95 para 1,06%, B de 64 para 135 ppm,
Cu de 12 para 26 ppm e Fe de 76 para 125 ppm. As variações
nos outros nutrientes foliares não foram significativas.
Tabela 3. Sintomas de deficiência e/ou excesso
de nutrientes em mangueira.
Nutriente |
Sintomas |
N(1) |
Embora os sintomas de deficiência
podem não se manifestar, porém, o desenvolvimento
é retardado, o crescimento vegetativo é pequeno
e, conseqüentemente, a floração e a produção
de frutos ficam reduzidos. Em casos mais avançados,
a deficiência pode ser reconhecida pelo pequeno desenvolvimento
das folhas e pela perda da clorofila, ocasionando um amarelecimento
generalizado das mesmas. |
K(1) |
Os sintomas de deficiência são:
folhas mais velhas através de concentrações
de cor amarelada irregularmente distribuídas. As folhas
são menores e mais acentuada as pontuações
aumentam e coalescem, e a área foliar se torna necrótica
ao longo das margens. A queda das folhas ocorre somente quando
estão completamente mortas. |
P(1) |
Os sintomas de deficiência são:
retardamento no crescimento, seca das margens da região
apical das folhas (acompanhadas ou não de zonas necróticas),
queda prematura de folhas, secamento e morte de ramos, reduzindo
sensivelmente a produção. |
Ca(1) |
Os sintomas de deficiência de Ca
não tem sido descritos. Entretanto, tem sido relatado
que o Ca diminui a incidência de “soft-nose”
(doença fisiológica). Assim tem sido verificado
que o conteúdo de Ca das folhas de plantas que apresentavam
menores incidências de soft-nose foram 2 a 3 vezes maiores
do que daquelas de plantas que apresentavam maior incidência. |
Mg(1) |
Os sintomas de deficiência aparecem
primeiro em folhas adultas. Ocorre a formação
de verde escuro em forma de “V” invertido ou cunha,
pela intrusão de uma clorose bronzeada ao longo da
margem da folha. |
S |
As folhas mais jovens mostraram manchas
necróticas sobre um fundo verde, ocorrendo também
desfolhação prematura. |
Cu(2) |
Os sintomas de deficiência freqüentemente
manifestaram-se em plantas jovens que receberam altas doses
de N, ou nos brotos jovens de plantas adultas. Eles se caracterizam
pela presença de ramos terminais pouco desenvolvidos,
seguido de desfolhação e morte dos ponteiros,
ou curvamento dos ramos em forma de “S” do ciclo
pendente de crescimento |
Mn(1) |
Os sintomas de deficiência manifestam-se
em folhas novas e caracterizam-se pelo desenvolvimento de
uma clorose verde amarelada ao redor das nervuras, formando
um reticulado. |
Zn(1) |
Os sintomas deficiência caracterizam-se
pela presença de folhas pequenas, recurvadas, engrossadas
e inflexíveis, as quais podem exibir maior ou menor
clorose, conferindo um aspecto mosqueado. No caso de deficiência
severa, pode ocorrer a morte de galhos, bem como anormalidades
nas panículas podem ser evidentes. |
Cl(3) |
Os primeiros sintomas de toxidez caracterizam-se
pelo colapso dos tecidos e coloração vermelho
tijolo das margens próximas ao ápice, nas folhas
mais velhas. Já com uma toxidez mais severa a lâmina
foliar mostra-se quase inteiramente afetada. |
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(1) Childers (1966); (2) Ruehle
e Ledin (1955); (3) Pandey et al. (1971). |
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